Após o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciar a vitória do presidente Nicolás Maduro na eleição de domingo (28), a oposição passou a acusar o governo de fraudar o resultado, criando tensões no país. O senador Chico Rodrigues (PSB-RR), único parlamentar brasileiro autorizado a acompanhar o pleito, como observador internacional, destaca a importância da Venezuela no cenário geopolítico regional e global. Ele, que é presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Venezuela, relata suas impressões e as polêmicas sobre o resultado. Ele critica a resistência do conselho em divulgar as atas das mesas de votação.
“Não houve uma transparência que pudesse legitimar o processo. Portanto, as eleições estão sob suspeição”, avaliou o senador por Roraima.
O tom é completamente diferente do que o senador utilizou na ida a Caracas, semana passada. Chico Rodrigues chegou a dizer que, na Venezuela, “as instituições funcionam”, além de ter discordado do cancelamento de envio de observadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro ao país vizinho, após o ditador Nicolás Maduro ter posto em cheque a transparência do sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas. Maduro também chegou a insinuar que o presidente Lula (PT) deveria “tomar chá de camomila“, após a declaração do presidente brasileiro de que estaria “assustado” com as ameaças ao Estado Democrático de Direito nas eleições venezuelanas.
Na ocasião, Chico Rodrigues disse ao blog da jornalista Malu Gaspar, do Jornal O Globo que “Não posso julgar o regime deles, porque não vivo lá. Na verdade, tudo funciona. O Judiciário, a economia, as instituições funcionam… A oposição reclama da falta de liberdade, alguns falam em comunismo. Sou contra esse conceito. Acho que o regime luta para permanecer no comando do país”, afirmou.
Maduro foi reeleito no último domingo (28), com 52% dos votos, de acordo com a autoridade eleitoral da Venezuela. Porém, o governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória do ditador, por falta de apresentação das atas de votação do pleito. A oposição fala em fraude. Sete países que não reconheceram a vitória de Maduro tiveram seus embaixadores expulsos da Venezuela nesta segunda-feira (29).