Foto: Divulgação/ Ministério da Cultura

Uma das maiores lideranças indígenas do país, Davi Kopenawa abriu, na terça-feira (5), o segundo dia da programação da 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC). Com uma fala inspiradora, o líder Yanomami destacou a importância deste momento para defender a preservação da cultura, das tradições e das línguas dos povos originários. “Estamos aqui, conversando com a sociedade e o governo, para nos juntarmos para recuperar as culturas ameaçadas”, afirmou.

Ele celebrou a diversidade da Conferência, que trouxe para o debate questões importantes relacionadas aos povos originários e garantiu a presença de representantes indígenas no evento. “Estou encontrando os meus amigos de luta e guerreiros da nossa floresta amazônica. A liderança antepassada já lutou muito, agora nós continuamos a luta para viver bem, com saúde, alegria, dançando, falando nossas próprias línguas e preservando o lugar onde nascemos. A cultura do povo indígena já está quase acabando, porque os brancos são destruidores”, completou.

Para Kopenawa, a preservação das florestas, o combate ao garimpo ilegal e a proteção às terras indígenas são ações indispensáveis quando se fala em cultura dos povos originários. “Hoje, estamos cercados pelo homem branco. Nós, povo indígena, estamos quase perdendo as nossas terras. Desde pequenos, estamos sempre lutando forte, sem medo, porque é a terra que nos alimenta, onde nascemos e vivemos. Então, temos o direito de defender, o direito de preservar a natureza. A nossa cultura é a terra, a floresta, as cachoeiras, a água limpa. Sem cultura, não tem vida”.

A liderança indígena citou ainda a preservação das línguas como outra demanda essencial para seu povo: “A cultura Yanomami é diferente. Falamos a língua Yanomami. E o homem branco, só quer uma cultura. Só o português para ele é bom. Mas nós, o povo originário do Brasil, não queremos separar, não. Nós só queremos continuar a falar a nossa língua própria, materna e originária”, finalizou.

Davi kopenawa

É xamã, líder político do povo Yanomami e ativista na defesa dos povos indígenas e da floresta amazônica, além de autor, roteirista, produtor cultural e palestrante. Também preside a Hutukara Associação Yanomami, que desenvolve projetos em defesa do território contra garimpeiros e outros invasores, assim como pela melhoria das condições de saúde e educação do povo Yanomami.

Tem um trabalho reconhecido na defesa dos povos originários, mas também do meio ambiente, da diversidade cultural e dos direitos humanos. É autor da obra A queda do céu – palavras de um xamã yanomami (2010), em coautoria com o antropólogo francês Bruce Albert.

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