Imagens gravadas por brigadistas indígenas mostram a dificuldade dos agentes em conter o fogo que atingiu a Comunidade Indígena Anauá, na região onde vive o povo Wai Wai, em Roraima. A queimada foi causada pela seca que afeta a região amazônica. De acordo com o Conselho Indígena do estado, somente no mês de fevereiro a área sofreu três incêndios.
A ação, que contou com a participação de 17 brigadistas, ocorreu no último domingo (25). Segundo os agentes, uma área de cerca de 100 metros quadrados foi queimada. Dados divulgados pelo MapBiomas apontam que o Brasil teve mais de 1 milhão de hectares de mata queimados em janeiro deste ano — um número 248% maior que o registrado no mesmo período de 2023. A área incendiada é equivalente a dez vezes o estado do Sergipe.
Levando em consideração apenas a Amazônia, houve um aumento de 266% nas queimadas em relação ao mês anterior. O segundo bioma mais atingido foi o Pantanal, com 40.626 hectares destruídos pelas chamas.
O levantamento aponta que os três estados com maior área queimada em janeiro ficam na Amazônia. São eles:
- Roraima, com 413.170 hectares atingidos pelo fogo (um aumento de 250% em relação ao mesmo período em 2023)
- Pará, com 314.601 hectares queimados;
- Amazonas, com 95.356 hectares.
Roraima representou 40% do total queimado no país em janeiro; o Pará representou 30%. O estudo destaca ainda que formações campestres, pastagens e florestas foram os tipos de vegetação mais consumidos pelo fogo em todo o país. Enquanto em Roraima 95% da área queimada foi em formação campestre, no Pará 41% foi em floresta e 49% em pastagem.
Devido à localização próxima à Linha do Equador, Roraima apresenta características climáticas e geográficas singulares, que fazem com que o período de queimadas aconteça no início do ano, ao invés do meio para o final do ano, como em outras regiões da Amazônia, explicam os pesquisadores. A estação seca geralmente se estende de dezembro a abril, enquanto a estação chuvosa vai de maio a novembro.
“É normal que a Amazônia lidere em disparada a área queimada no início do ano por conta da estação seca de Roraima acontecer justamente nesse período. Entretanto, esse ano teve o agravante da seca extrema, que retardou e diminuiu a quantidade de chuva, deixando a região ainda mais inflamável”, destacou a Coordenadora do MapBiomas Fogo e Diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar.