Bandeira da Escola de Samba. Arte: divulgação.

“Falar de amor enquanto a mata chora/É luta sem flecha, da boca pra fora!” canta o Acadêmicos do Salgueiro, que homenageia o povo Yanomami no carnaval de 2024. A escola da Tijuca levanta a bandeira pela preservação da Amazônia e exalta a mitologia Yanomami, que tem na defesa da floresta o cerne da sua cosmovisão.

‘Hutukara’ é o título do enredo do Salgueiro para o Carnaval 2024

Com o título “Hutukara”, que na língua yanomami significa “o céu original a partir do qual se formou a terra”, o enredo abordará as mitologias, costumes e vida dos Yanomami, além de enfatizar a importância da preservação amazônica.

“Viver na floresta é um ofício que requer uma sabedoria ancestral, não fabricada em laboratório, nem encontrada nas páginas dos livros do “povo da mercadoria”. Viver na floresta como Yanomami é ser parte dela. É conviver com seres humanos e não humanos, animais, plantas, vento, chuva e milhares de espíritos”, explica a sinopse do enredo da Branca e Vermelha.

O enredo, assinado por Igor Ricardo junto com o carnavalesco Edson Pereira, teve colaboração do líder indígena e escritor Davi Kopenawa, e de Marcos Wesley, do Instituto Socioambiental (ISA).

Confira a letra do samba de enredo: 

“É HUTUKARA! O chão de Omama
O breu e a chama, Deus da criação
Xamã no transe de yakoana
Evoca Xapiri, a missão…

HUTUKARA, ê! Sonho e insônia
Grita a Amazônia, antes que desabe
Caço de tacape, danço o ritual
Tenho o sangue que semeia a nação original
Eu aprendi português, a língua do opressor
Pra te provar que meu penar também é sua dor
Falar de amor enquanto a mata chora, (bis)
É luta sem Flecha, da boca pra fora!

Tirania na bateia, militando por quinhão,
E teu povo na plateia, vendo a própria extinção
“Yoasi” que se julga: “família de bem”, (bis)
Ouça agora a verdade que não lhe convém:

Você diz lembrar do povo Yanomami em dezenove de abril,
Mas nem sabe o meu nome e sorriu da minha fome,
Quando o medo me partiu
Você quer me ouvir cantar em Yanomami pra postar no seu perfil
Entre aspas e negrito, o meu choro, o meu grito, nem a pau Brasil!
Antes da sua bandeira, meu vermelho deu o tom
Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom
Kopenawas pela terra, nessa guerra sem um cesso,
Não queremos sua “ordem”, nem o seu “progresso”

Napê, nossa luta é sobreviver!
Napê, não vamos nos render!
YA TEMI XOA! aê, êa! (bis)
Meu Salgueiro é a flecha
Pelo povo da floresta
Pois a chance que nos resta
É um Brasil cocar!”

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