Foto: divulgação/ Exército Brasileiro.

Em 25 de janeiro, o Exército Brasileiro confirmou, através de sua página oficial, o envio de “dezenas de mísseis” MSS 1.2 AC para o recém criado 18° Regimento de Cavalaria Mecanizado (18º RC Mec), localizado em Boa Vista.

Este deslocamento faz parte da “Operação Roraima”, um esforço coordenado que visa fortalecer a prontidão operacional e logística da Força de Prontidão do Comando Militar da Amazônia (CMA) à 1ª Brigada de Infantaria de Selva (1ª Bda Inf Sl).

O MSS 1.2 AC (míssil superfície-superfície 1.2 anticarro) é da categoria ATGM (“anti-tank guided missile”), portátil, de médio alcance, guiado a laser, com significativa quantidade de componentes nacionais.

A GÊNESE

Seu projeto foi concebido pela empresa italiana OTO-Melara, nos anos 80, com o nome de “MAF” (Missile Anti-Carro della Fanteria). Foi adquirido pela Engemissil, do Grupo ENGESA, onde recebeu o nome de “Leo”. Posteriormente foi transferido para a Orbita Sistemas Aeroespaciais S/A, um consórcio entre a ENGESA, EMBRAER, IMBEL e outras empresas. Durante o processo de falência da ENGESA, a Órbita encerrou suas atividades e o programa foi paralisado.

Em 1991, a empresa Mectron – Engenharia, Indústria e Comércio, do Grupo Odebrecht, assume o projeto em conjunto com o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do EB.

Em 1996 foi assinado um contrato com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) para o desenvolvimento e a produção de 40 protótipos do míssil, e, em 2008, houve outro contrato, para a produção do lote piloto de 66 unidades. No ano seguinte a empresa também forneceu uma quantidade não divulgada para o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.

Em 2013 iniciaram os testes de tiro no Centro de Avaliação do Exército (CAEx), porém o míssil apresentou diversos problemas, principalmente em seu receptor laser, o que fizeram com que ele não fosse homologado.

Em 2015, diante das dificuldades enfrentadas pelo Grupo Odebrecht, os funcionários da Mectron criam a SIATT – Engenharia, Indústria e Comércio e que, posteriormente, assume o projeto, refazendo seu sistema de guiagem com apoio do FINEP.

Em 2018 reiniciaram os testes do míssil e, após uma série de disparos, o míssil alcançou bons resultados e está em fase final do processo de homologação dos relatórios de avaliação e a adoção pelo EB, ultima etapa antes de entrar em produção seriada. A empresa já se prepara para que isso ocorra em breve, pois já iniciou a construção de uma nova planta fabril.

No final do ano passado, o EB contratou a SIATT para recuperar 17 mísseis que pertenciam ao lote piloto, atualizando-os nas condições estabelecidas no termo de referência e na especificação técnica nº 01/2023 (estes é que devem ser os primeiros a serem enviados para Roraima).

Teste realizado em fevereiro de 2023

CARACTERISTICAS TÉCNICAS

• Sistema de guiagem: feixe laser (“beam rider”), com comando por linha de visada (SACLOS);
• Alcance operacional: de 200 a 3.200 m;
• Velocidade: 274 m/s;
• Ogiva: HEAT simples com carga explosiva HMX;
• Diâmetro: 127 mm;
• Capacidade de penetração: cerca de 500 mm em aço balístico homogêneo (RHA);
• Motor: propelente sólido;
• Peso total do sistema: 15,4 kg;

Foto: SIATT

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