Professores, estudantes e pedagogos avaliaram de forma positiva o Projeto de Lei aprovado pelo Congresso que prevê uma bolsa de cerca de R$ 200 por mês para os alunos e alunas do Ensino Médio como instrumento de combate à evasão escolar. A proposta aguarda sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O público-alvo do incentivo são os estudantes de baixa renda matriculados no ensino médio da rede pública, em todas as modalidades, e pertencentes a famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Terão prioridade aqueles com renda familiar mensal de até R$ 218 por pessoa.
Abel Santos, pedadogo e professor do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), acredita que a iniciativa possa reverter os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam que no Brasil 66 milhões de pessoas com mais de 18 anos não completam o ensino médio.
“A maioria dos adolescentes e jovens que estão no Ensino Médio em escolas públicas são oriundos de famílias de baixa renda. A escola em si precisa se reinventar, se tornar mais significativa para os estudantes, ter um currículo atrativo que os prepare para o mundo do trabalho e para dar continuidade em seus estudos em cursos de graduação e/ou cursos técnicos. A bolsa pode contribuir na subsistência do estudante ou em sua formação”, afirmou.
‘Falta o básico’
Luciana Pereira, que também é pedadoga, vê o projeto como um carro-chefe para outras medidas que atendam alunos em situação de vulnerabilidade social. “Faltam o básico a eles. E isso é uma ajuda na renda familiar, sobretudo para que eles também possam ter material de higiene, como o caso das meninas que muitas vezes não tem absorvente no período menstrual”, explicou.
“O programa também deve deixar claro quais as condições para que eles recebam e o tempo para que seja verificada a permanência e a frequência deles na escola”, detalha.
Alisson Barbosa, professor de Biologia do Ensino Médio da rede estadual do Amazonas, conta que a qualidade do conteúdo e o reforço do conhecimento dos alunos deve estar atrelado ao programa. “Eu penso que é mais uma ajuda para manter esses alunos em ambiente escolar. Por outro lado, precisamos assegurar não somente a permanência do aluno, mas sim também o aprendizado. Temos um sistema público de ensino, no qual o processo avaliativo não é muito bem feito. Os alunos avançam de uma série a outra sem saber conhecimentos básicos necessários que deveriam”, defendeu.
A estudante recém-formada no ensino médio, Lívia Cruz, de 18 anos, acredita que apesar da medida ajudar os irmãos dela, que vão cursar o primeiro ano do ensino médio, pode não ser o suficiente para manter-los com frequência na escola.
“Eu sei que é um grande avanço. R$ 200 é melhor que nada e vai ajudar a compor a renda da família, principalmente para nós, que desde cedo sempre ajudamos na casa. Esse é o valor que a vendemos um dindin por mês dentro de casa, esperando os clientes o dia todo. As vezes, nem vendemos. E agora, podemos ter essa mesma verba, mas dentro da sala de aula, é um apoio para vencer e poder ter o ensino médio completo”.