O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) concedeu habeas corpus ao empresário Matheus Possebon na noite desta sexta-feira (8). O executivo foi detido por envolvimento com esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal de cassiterita, considerada “ouro negro”, na Terra Yanomami. O empresário de Alexandre Pires foi preso ao desembarcar de um cruzeiro.
“Raramente me deparo com decisão tão descabida e equivocada. Felizmente o erro foi corrigido a tempo de Matheus retornar a suas atividades normais”, declarou o advogado Fábio Tofic Simantob, responsável pela defesa de Possebon.
A coluna Na Mira teve acesso à decisão da desembargadora Maria do Carmo Cardoso, que destacou ser desproporcional a prisão por risco à ordem econômica, já que o empresário tem rendimentos elevados. No processo, consta que Possebon tem renda mensal de R$ 575 mil.
O empresário Matheus Possebon é investigado pela Polícia Federal como um dos envolvidos no suposto esquema de garimpo ilegal em terras indígenas. Ele é um dos executivos da Opus Entretenimento, que gerencia a carreira de nomes famosos da música brasileira, como Daniel, Seu Jorge, Ana Carolina, Munhoz e Mariano entre outros. Além de empresário, Possebon também se arrisca na carreira musical e já gravou em estúdios internacionais.
Segundo a investigação, Possebon seria um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes. No catálogo de artistas, está o cantor Alexandre Pires, que é investigado por participação no esquema. O pagodeiro teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada.
Operação Disco de Ouro
A operação que deflagrou a Operação Disco de Ouro, para desarticular um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY). Ao todo, a organização teria movimentado R$ 250 milhões. A PF cumpriu mandado de busca e apreensão contra o cantor, que cantava em um cruzeiro em Santos.
As equipes cumpriram dois mandados de prisão, bem como seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, em Boa Vista (RR), Mucajaí (RR), São Paulo (SP), Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC). A Justiça determinou, ainda, o sequestro de mais de R$ 130 milhões em bens dos suspeitos.
A operação ocorre como desdobramento de outra ação da PF, deflagrada em janeiro de 2022, quando 30 toneladas de cassiterita extraída da TIY foram encontradas na sede de uma empresa investigada e eram preparadas para envio ao exterior.