Foto: ascom/ IOM

Argenis se recorda exatamente do dia em que deixou a Venezuela, em 2018, para atravessar a fronteira para o território brasileiro. Junto com o filho, que leva o mesmo nome do pai, a lembrança daquele momento é do sentimento de deixar o país de origem e a chegada em um novo lugar para o recomeço da vida em família. A parada final foi em Roraima, na cidade fronteiriça de Pacaraima, no extremo norte do Brasil.

Desde o momento em que decidiam pela permanência no local, Argenis saiu em busca de emprego para ingressar no mercado de trabalho da cidade. “Como todo migrante, andei por todas as ruas. Tive muitas ofertas, mas nada se concretizava. Até que um senhor que trabalhava com materiais de construção me deu uma oportunidade”, conta. Com a chance, aprendeu sobre peças, coloração e todas as ferramentas necessárias para obras e reparos.

“Aos poucos fui aprendendo o idioma, os materiais e como trabalhar aqui. Trabalhar em português acaba sendo totalmente diferente. Por exemplo, na Venezuela se fala ‘pintura’, aqui se fala ‘tinta’. Em alguns momentos, recebo brasileiros de outros estados que falam palavras de outras formas e tenho que perguntar ao que estão se referindo”, disse rindo. O acolhimento e as relações tecidas em Pacaraima motivaram Argenis a abrir o próprio negócio. “Sempre sonhei em ter uma loja”, afirma.

Com esforços e apoio de amigos empresários, o sonho se tornou realidade e, assim, o Comercial Casa Blanca se fortaleceu no setor de construção. Inicialmente, eram seis baldes de materiais no espaço, “o pessoal chegava aqui e ria”, conta, “mas hoje estamos melhores”. A cada novo avanço na loja, mais a clientela chegava e se tornava fiel.

Assim, pai e filho estabeleceram a rotina diária de acordar cedo, fazer orações, limpar a loja e dar boas-vindas a todos que chegam. “Trabalhar com o público é o que mais gosto. Ajudar os clientes a conseguirem uma solução para qualquer problema… se está ao meu alcance, eu faço”, frisa.

Com o passar dos anos, a integração foi se fortalecendo e os costumes brasileiros tornando-se conhecidos, assim como a sua participação na comunidade local.

Foto: ascom/ IOM

“Hoje me sinto parte do povo local. É um município pequeno e muito acolhedor, que me deu muitas oportunidades. Agradeço a Deus e ao Brasil por ter recebido milhares de venezuelanos, por estarmos regularizados, termos os documentos nacionais. Se não tivesse sido assim, essa loja não teria sido possível. Se eu pudesse falar algo para o Argenis de cinco anos atrás seria: ‘amanhã será outro dia, e assim vamos com esperança”.

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