Luan Santana fez apresentação de R$680 mil na Expoferr. Foto: Secom/RR

A jovem Bruna Antony Oliveira proprietária da empresa que vai organizar a Expoferr 2023 é ex-servidora da Assembleia Legislativa, onde recebia salário de pouco mais de R$ 3 mil.

Bruna aparece na Receita Federal como presidente do Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (Ibras). A Organização da Sociedade Civil (OCS) fica localizada na rua Amapá, bairro dos Estados em Boa Vista.

Desse modo, a jovem assinou recentemente um contrato de R$ 17 milhões com o Governo de Roraima. No entanto ela já tinha ganhado um outro contrato de R$ 8,8 milhões para organizar o Arraial do Anauá em julho deste ano.

Com resultado, somados os dois contratos, a jovem já levou dos cofres dos Governo do Estado o total de R$ 25,8 milhões do Estado em apenas quatro meses.

Ostentação

Nas redes sociais, a jovem Bruna Oliveira mostra uma vida de luxo e ostentação. Com destaque para viagens para Tailândia, Singapura e México. Além disso, as fotos também mostram a passagem da jovem por hotéis luxuosos pelo mundo.

O edital do chamamento público para contratar o Ibras foi publicado em setembro. No documento, o Estado estimava um investimento de R$ 11,8 milhões na contratação da OSC para organização da Expoferr. Em 2022, o valor gasto pelo Governo para a realização do evento foi de pouco mais de R$ 1 milhão.

O Tribunal de Contas de Roraima (TCE-RR) enviou ofício à Secretaria de Estado da Agricultura nesta quinta-feira (9), em que solicitou cópia de todos os procedimentos licitatórios e demais documentos que resultaram na contratação do Ibras pelo valor total de R$ 17 milhões, para organização da Expoferr 2023.

O requerimento foi assinado pela conselheira Cilene Lago Salomão. O secretário de Agricultura Márcio Glayton Araújo Granjeiro, tem recebeu prazo até o final do dia de hoje (10) para encaminhar os documentos ao TCE-RR, sob pena de aplicação de sanções previstas em lei.

São João do Anauá

Em julho deste ano, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) firmou convênio com o Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (Ibras) para a realização do São João do Parque Anauá.

A princípio, a festa custaria R$ 6,1 milhões. Contudo, logo após abrir o processo, foi adicionado ao valor final a quantia de R$ 1,9 milhão através de um termo aditivo. E fixou, assim, o contrato em R$ 8,8 milhões.

No orçamento para pedido de termo aditivo, o empresa contratada cotou serviços como: Estátua Viva (R$ 5 mil), espetáculo Cênico (R$ 30 mil), aluguel de parques infantis por 2 horas diárias (R$ 288 mil), 120 lixeiras artísticas por R$ 42 mil, entre outros.

Apesar do alto valor, artistas locais não tiveram um local adequado para suas apresentações. Como resultado, uma cantora teve que interromper o show. A estrutura não protegia a banda da chuva que caía no momento e os músicos corriam risco de choques elétricos.

Duda Ramos 

O deputado federal Duda Ramos (MDB) questionou a falta de transparência no processo. “O aditivo foi assinado de forma física e sem publicação no diário oficial”, pontuou.

“Entrei no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) e nenhuma dessas informações estão disponíveis à população. É abusivo percebermos o dinheiro público sendo utilizado dessa maneira. O recurso é público, a administração pública tem obrigação de dar publicidade aos seus atos, sobretudo quanto à utilização de verbas. Tratar os recursos públicos dessa maneira é irresponsável e desrespeitoso”, afirma Duda Ramos.

O deputado ressalta que defende a valorização da cultura popular, assim como dos artistas locais. “A realização de um evento, com tamanha proporção estrutural e programação que contempla a participação de vários artistas, locais e nacionais, requer no mínimo responsabilidade com a utilização dos recursos públicos, já que outras áreas prioritárias em nosso Estado estão defasadas de atenção e cuidado”, disse.

Duda Ramos pontuou escassez de atenção na saúde, com falta de médicos e medicamentos, além das condições de atendimentos no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré, que desde o ano 2021 está instaladonas dependências do Hospital de Campanha, com uma obra de reforma que já custou mais de R$90 milhões aos cofres públicos.

O deputado enfatizou que é a favor de programações públicas e eventos gratuitos à população, mas que sejam feitos com responsabilidade e transparência para que a própria população tenha acesso aos valores gastos.

Duda ressaltou que é muito importante investir na cultura e nos artistas locais, mas quanto à falta de transparência na utilização dos recursos afirmou: “Eu não posso e não normalizar essa falta de responsabilidade com o recurso público e deixar que a população pague essa conta”, finalizou.

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