O Centro de Referência em Saúde Indígena construído para atender indígenas doentes dentro da Terra Yanomami (TY) foi desmontado e a estrutura retirada da região, informou a Urihi Associação Yanomami. A unidade funcionava em Surucucu e foi montada em meio à grave crise humanitária enfrentada pelos indígenas.
Com a retirada da estrutura, a associação teme que indígenas fiquem sem atendimento médico adequado e cobrou explicações ao Ministério da Saúde, à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e à Presidência da República.
De acordo com as lideranças indígenas, a unidade funcionava desde abril deste ano e foi desmontada na última terça-feira, 31. O Centro funcionou por quase sete meses e era preparado para fazer atendimentos de urgência, consultas, exames e o tratamento de malária e desnutrição, as duas doenças que mais assolam os indígenas que vivem no território.
Em ofício, a organização alertou para os “momentos de vulnerabilidade e falta de segurança” que os indígenas no território ainda vivenciam.
“Cabe, então, uma articulação para atuação conjunta dos órgãos representativos, de maneira que possam garantir a proteção imediata, estabelecendo a construção de uma estrutura fixa na região do Surucucu, de forma imediata e urgente, garantindo que a população tenha segurança quanto à assistência básica de saúde”, cita o documento da Urihi, que pede ainda que seja construída uma estrutura fixa na região para garantir assistência aos indígenas.
Conforme o último boletim do Centro de Operação de Emergências em Saúde Pública (COE Yanomami), foram registradas 215 mortes de indígenas até o dia 4 de outubro. Destas, 155 ocorreram dentro do próprio território e 112 vítimas eram crianças de 0 a 4 anos. No ano passado, foram registradas 99 mortes de crianças Yanomami por desnutrição, pneumonia e diarreia.
Outras unidades
A unidade era uma estratégia do governo federal para reduzir número de remoções de indígenas doentes da Terra Yanomami para Boa Vista, onde estão localizados hospitais para adultos, crianças e o Hospital de Campanha.
O Centro atendia indígenas da região de Surucucu e também os pacientes dos polos Parafuri, Haxiu, Homoxi, Xitei e Waputha. O centro foi uma promessa do presidente Lula (PT) quando visitou Roraima em janeiro deste ano para acompanhar a situação do povo Yanomami.
A unidade era dividida em ala ambulatorial, sala de acolhimento e triagem, salas de estabilização, consultórios, lactário, farmácia, laboratório e microscopia. A estrutura também contava com refeitório, centro de convivência e redários. O espaço era preparado para atender cerca de 100 pacientes por dia, além de 20 admissões diárias.
No território indígena, há o polo base de Surucucu, uma unidade básica de saúde onde os indígenas buscam atendimento médico. Por outro lado, no local não há estrutura para atendimentos de emergência, por isso, os pacientes nessa situação são removidos para Boa Vista.
O Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e a Presidência da República não se pronunciaram até a última atualização da matéria.