Dos 14 assassinatos por conflito no campo registrados no primeiro semestre de 2023, a maioria (11) ocorreram na Amazônia Legal. A informação é do levantamento feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que divulgou os dados parciais de conflitos no campo no primeiro semestre deste ano.
Apesar de ser alarmante para a região da Amazônia Legal, o dado é 51,72% menor do que os 29 registrados no mesmo período em 2022. No entanto, até outubro deste ano, o número subiu para 18.
De acordo com o estudo, a maioria desses casos foi relacionada à contaminação de agrotóxicos. Dessas mortes, 6 – ou seja, a maioria – foram de indígenas.
No quadro geral, os povos indígenas foram os que mais sofreram violência. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, cerca de 38,2% dos casos foram concentrados nos povos originários.
Segundo o levantamento, foram registrados 973 conflitos, apresentando aumento de 8% em relação ao mesmo período de 2022. No ano passado, o total contabilizado foi de 900 ocorrências.
Segundo a CPT, esse dado faz com que o primeiro semestre de 2023 seja o segundo pior nos últimos dez anos. O “pior ano” registrado foi 2020, com 1.007 conflitos.
Em 2023, o maior número de ocorrências foi de conflitos pela terra: 791. Em seguida, estão os registros de trabalho escravo rural, com 102, e conflitos pela água, com 80. Segundo o levantamento, cerca de 527 mil pessoas estiveram envolvidas entre os conflitos no campo.
Outro dado é que houve aumento expressivo no número de vítimas por conflitos no campo, saltando de 418 em 2022 para 779 em 2023. A maior violência é de contaminação por agrotóxicos, abrangendo 327 pessoas; assim como contaminação por minérios, que afetou 55 pessoas.
O estudo também ressalta o aumento de violência contra mulheres, citando o caso de 30 adolescentes Yanomami que foram estupradas por garimpeiros que invadiram a terra indígena em Roraima. Além disso, também foram registrados 20 casos de intimidação de mulheres, 16 ameaças de morte, 6 agressões e 5 casos de cárcere privado.