Foto: EBC/Agência Brasil.

Lideranças Yanomami da região do Palimiú, que fica na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, entregaram uma carta ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) com denúncias, destinadas ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e demais autoridades públicas.

No documento, as lideranças solicitam em caráter de urgência, base mais estruturada para evitar a entrada de garimpeiros, reforço na segurança com mais contingente de agentes da Policia Federal (PF), Ibama, Funai, e Marinha do Brasil para patrulhar, coibir e expulsar garimpeiros.

Os indígenas também solicitam a presença das autoridades como ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, presidente da Funai, Joenia Wapichana e do presidente Lula. Conforme o relato feito pelo líder Pedrinho Yanomami,  o garimpo não acabou e que seu povo está sofrendo.

“Até hoje o garimpo não acabou, estamos pedindo ajuda, vocês são guerreiros. Lutem por nós, os órgãos não estão conseguindo nos ajudar, vocês tem que trabalhar junto para limpar nossa terra”, pediu a liderança.

Conforme a solicitação das lideranças, o CIR encaminhou as demandas ao Ministério da Justiça, Cidadania e Segurança, Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e outros ministérios.

Localizada às margens do rio Uraricoera, em Alto Alegre, no interior de Roraima Palimiú fica na rota usada por garimpeiros para chegar aos acampamentos ilegais no meio da floresta e chegou a ser atacada por parte de garimpeiros ilegais em maio de 2021, quando um conflito armado na região resultou na morte de três garimpeiros e cinco feridos, além de um indígena baleado de raspão na cabeça.

Cobranças

O pedido de lideranças Yanomami em Roraima veio em um momento de questionamentos quanto às ações do governo federal. Na última quinta-feira, 21, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso determinou que o governo Lula preste contas sobre as iniciativas de proteção aos indígenas. A decisão atende pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que acusa o governo de irregularidades no auxílio aos Yanomami.

Segundo a organização, os descumprimentos foram os seguintes: supressão dos alertas de garimpo na região; abertura do espaço aéreo depois de seis dias do fechamento; demora para oferecer ajuda humanitária e entregar cestas de alimentos;  dificuldade no apoio logístico; recusa de segurança as equipes de saúde, comprometendo o apoio; falta de respostas a solicitações consideradas urgentes emitidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A decisão de Barroso determina que todas as informações mencionadas pela Apib devem ser relatadas e esclarecidas. O texto fala em “especial atenção à alegação de não entrega de cestas alimentares destinadas à agenda humanitária”.

Os indígenas Yanomami enfrentam uma grave crise humanitária, com desassistência sanitária, casos de desnutrição severa e de malária. Além disso, há contaminação de indígenas com mercúrio utilizado para o garimpo ilegal. Também há danos ao meio ambiente pela substância.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou a pauta Yanomami como uma de suas prioridades ambientais e sociais desde o começo do novo mandato. O presidente viajou para o Roraima, onde fica a terra indígena, em janeiro e prometeu ajuda humanitária. O Ministério da Saúde decretou estado de emergência na área em 21 de janeiro. No mesmo dia, Lula criou um comitê de emergência para tratar sobre o assunto.

 

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