Wilson Fernando Basso e a esposa, a secretária de Saúde de Roraima, Cecília Lorenzon (Foto: Reprodução/Instagram)

O empresário Wilson Fernando Basso, dono da empresa Upmed Farma e marido da secretária estadual de Saúde de Roraima, Cecília Smith Lorenzon, foi um dos alvos da Operação Hipóxia, deflagrada, nesta quarta-feira, 6, pela Superintendência da Polícia Federal em Roraima.

A operação investiga a suspeita de superfaturamento em um contrato com duas empresas para recarga de oxigênio, insumos hospitalares e farmacêuticos ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), em Boa Vista (RR).

Contra Basso, havia um mandado de busca e apreensão. Durante esta manhã, policiais federais estiveram na casa de Basso e Cecília, no bairro Paraviana, zona Leste de Boa Vista, para pegar documentos e chegaram a revistar o carro do empresário, que estava do lado de fora da residência.

Além da busca na casa do empresário, estão sendo cumpridos outros nove mandados de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal em Roraima. A operação ocorre em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Publico Federal (MPF).

Conforme a PF e MPF, foram adquiridas 4,5 mil recargas de três tamanhos de cilindros de oxigênio no ano passado. O material deveria ter sido distribuído para comunidades Yanomami em Roraima a partir do polo de atendimento em Surucucu.

Apesar disso, apenas 450 cilindros teriam chegado aos indígenas. Os órgãos de controle estimam que o esquema desviou R$ 964.544,77.

Outro alvo

Outro alvo da operação deflagrada hoje é o empresário Roger Henrique Pimentel, que é dono da empresa Balme Empreendimentos Ltda. A Balme já foi investigada por participar de um esquema de desvio de medicamentos que seriam destinados aos Yanomami, por meio da operação Yoasi, deflagrada em novembro de 2022.

De acordo com a PF, o esquema deixou aproximadamente 10 mil crianças indígenas sem remédios. As ordens de busca e apreensão ainda envolvem seis ex-servidores do Dsei Yanomami, entre ex-coordenadores e ex-chefes de departamento da administração passada.

Em nota, Wilson Basso informou que nunca teve “nenhuma relação contratual, pessoal e de nenhuma natureza e que nunca ocupou cargo público.

“Nunca tive nenhuma relação contratual, pessoal e de nenhuma natureza com esse órgão, inclusive nunca ocupei nenhum cargo público. Como empresário, nunca forneci nada para nenhuma esfera administrativa. Minha administração tem relação apenas com entes privados. Como cidadão sinto meus direitos constitucionais lesados notadamente, face a total ausência de relação entre o que está sendo apurado e a forma que está sendo conduzida”, afirmou o empresário.

Também procurados pela CENARIUM, o empresário Roger Henrique Pimentel e a empresa Balme não se pronunciaram até a publicação da matéria.

Investigações

As investigações iniciaram a partir de uma denúncia recebida pelo MPF. Com o apoio da CGU, foram identificadas várias irregularidades em uma contratação de serviços de recarga de oxigênio destinado ao povo Yanomami. Há indícios, segundo a PF, de direcionamento do resultado do certame, bem como atesto de notas fiscais fraudulentas.

A falta de cilindros de oxigênio na terra Yanomami é apontada como uma das causas de morte ano passado e começo deste ano entre indígenas que precisaram de atendimento de urgência por conta da desnutrição e de outras doenças graves provocadas em muitos casos pela invasão de garimpeiros.

Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami está em emergência sanitária desde janeiro desde ano. A medida, adotada pelo governo federal, foi para enfrentar a desassistência na saúde e a invasão de garimpeiros, maior fator causador da crise na região.

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