Em conversas com interlocutores do Supremo Tribunal Federal e autoridades da Esplanada, a presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana, tem se colocado como candidata à vaga que será aberta até outubro com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, que preside o STF.
Joenia argumenta que questões relevantes para a população indígena só serão priorizadas quando um deles se tornar ministro da corte.
A presidente da Funai é formada em direito pela Universidade de Roraima e tem mestrado em direito internacional pela Universidade do Arizona, o que a credenciaria para ocupar uma vaga no Supremo –os ministros são escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 70 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. A palavra final é do presidente Lula (PT).
Joenia, Rosa Weber e a ministra Cármen Lúcia estiveram juntas no lançamento da primeira Constituição brasileira traduzida para a língua indígena (nheengatu), em São Gabriel da Cachoeira (AM). O nome da presidente da Funai é defendido por representantes da população indígena, como o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima, Edinho Batista Makuxi.
Procurada, Joenia nega que esteja se colocando ao posto e diz que essa é uma iniciativa de lideranças indígenas. “As lideranças indígenas de Roraima falaram que seria importante para o Lula. Depois, nos Diálogos Amazônicos, os advogados indígenas da Amazônia também fizeram manifestação apoiando meu nome”, afirma.
“Falei que [é] importante as mulheres estarem no STF, uma mulher indígena. E disse que na minha trajetória só está faltando contribuir no STF”, completa a presidente da Funai.
– Considerando que a quase totalidade dos membros do STF nunca foi juiz nem de “pelada de futebol de várzea” e, ainda, que o requisito-mor para assento nos colegiados em tela (elevado e notório saber jurídico) tem passado longe, uma inexpressiva ex-deputada federal se encaixa bem.