Bruno Franques. Foto: reprodução/ redes sociais.

O vencedor do concurso “Literatura de Circunstâncias”, da EdUFRR, Bruno Franques, reúne treze contos incríveis, narrados por personagens não humanos. As histórias foram escritas e se passam na capital roraimense, durante o período da pandemia do Covid-19. As notícias que chegavam do mundo todo, em que animais selvagens estavam ocupando as cidades esvaziadas pela quarentena, foram a inspiração do autor.

Um cachorro libertário inicia um movimento na rua onde mora; uma mosca de biblioteca que aprende a ler e busca compreender o mundo através da filosofia de Nietzsche; um peixe morto que narra suas memórias enquanto questiona o modo de vida dos seres humanos; uma coruja que ama futebol, mas que não deixa de refletir sobre o aspecto religioso desse entretenimento espetacular; um bando de flamingos que inicia uma revolução mundial; e um vírus do Covid-19 que se dirige diretamente ao leitor questionando sobre o comportamento das sociedades modernas.

Em treze contos, com ilustrações assinadas pelo próprio autor, o leitor é convidado a embarcar em diferentes perspectivas para quem sabe refletir um pouco mais sobre algumas questões importantes de nossa época.

“Logo no início da pandemia tive alguns sintomas, fui afastado do trabalho e me mudei para um sítio fora da cidade. Entre esse primeiro alarme falso, a infecção real e um acidente de moto, acabei ficando em quarentena por nove meses. Foi um profundo mergulho interior, isolado, em meio à natureza, de onde emergi escritor”, conta.

“O Revoluções surgiu um pouco depois, já de volta à cidade, quando veio a segunda onda. Primeiro escrevi um conto em homenagem ao Madruga, um cachorro de rua que passou a frequentar meu quintal. Gostei da brincadeira. Mas foi uma situação inusitada que me levou a escrever os outros contos. Notícias chegavam de várias partes do mundo mostrando grandes cidades abandonadas pelos humanos que passavam a ser frequentadas por animais de todo tipo, como flamingos em Mumbai, golfinhos em Veneza, macacos e elefantes na Tailândia, javalis em Barcelona, búfalos em Nova Deli e muito mais. Parecia uma verdadeira revolução dos bichos: os homens trancados e os bichos soltos. Aliás, a diminuição do tráfego e da produção começou a mostrar a capacidade de resiliência da natureza, com melhorias na qualidade do ar e das águas. Algo muito importante e inspirador estava acontecendo”, relata.

“Foi então que, ainda como brincadeira, comecei a experimentar algumas perspectivas não humanas desse contexto: uma mosca que aprende a ler em uma biblioteca abandonada; uma vaca que foge do abatedouro e brinca nas praias do Rio Branco; um bando de flamingos iniciando uma revolução! As histórias começaram a vir, aos montes, era só organizar as ideias e a poesia do inusitado estava pronta”, conclui.

Sobre o autor

Bruno Franques é sociólogo, mestre e doutorando em educação, designer gráfico, ilustrador e escritor. Gosta de sua atuação em campo com povos indígenas, comunidades tradicionais e movimentos sociais, em meio urbano e rural, no lavrado e na floresta. Para ele, suas experiências precisam ser vividas, além de lidas, pesquisadas e estudadas, antes de serem escritas. Faz de sua arte um meio de reflexão e diálogo social sobre questões essenciais para desenvolvermos uma perspectiva crítica e podermos atuar no mundo com consciência, firmeza e coragem.

Serviço

Arte: divulgação.

Lançamento do livro “Revoluções Minimalistas: Contos reflexivos fantásticos a partir de perspectivas inusitadas”, de Bruno Franques, dia 12/8, a partir das 18h, na Livraria Boa Vista, do Roraima Garden Shopping.

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