Clínica Renal de Roraima. Foto: Rogean Caleffi

A empresa Clínica Renal de Roraima, localizada em Boa Vista, presta serviços de hemodiálise ao SUS, em clínica especializada para renais crônicos, hemodiálise dentro das UTIs hospitalares e também a diálise peritoneal, e recebe através do governo do estado, totalizando mais de 6000 mil sessões da terapia a cada mês.

“Os serviços são custeados em parte pelo governo federal e em parte pelo estado, estando ambos atrasados, apesar do serviço já ter sido reconhecido em publicação oficial. Essa atitude do estado coloca em risco o tratamento de mais de 300 pacientes da clínica, além dos que necessitam da terapia nos hospitais de grande porte. “Prestamos um atendimento muito especializado, que tem um alto investimento, porém a resposta que temos da falta de pagamento é devido à falta de orçamento. Já há um acúmulo de R$ 8 milhões e nossa situação realmente está no limite”, diz a gestora da clínica, Débora Pires Vieira.

De acordo com a gestora, a empresa está se mantendo através de empréstimos e com as poucas notas fiscais pagas, gerando um alto valor em juros, além da impossibilidade de investir em novas máquinas, pessoal, ampliações e melhorias de estrutura. “Estamos com extrema dificuldade na execução dos serviços”, diz.

A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) alerta que o atraso no repasse do pagamento pelas Secretarias de Saúde às clínicas conveniadas ao SUS está entre os problemas recorrentes na nefrologia, tanto nos governos estaduais, quanto nos municipais, em todo o país.

“Muitos gestores no Brasil chegam a atrasar em mais de 40 dias o repasse após a liberação do recurso pelo Ministério da Saúde — sendo que de acordo com a legislação, o pagamento deveria ser feito em cinco dias úteis”, explica o presidente da ABCDT, Dr. Yussif Ali Mere Júnior. Frente ao cenário nefrológico atual, a ABCDT vem lutando pelo fim dos atrasos de repasses e reitera a importância de as Secretarias manterem-se dentro do prazo legal da Portaria Ministerial e respeitarem os recursos do Fundo Nacional de Saúde – FNS destinados à nefrologia.

“Nossa maior preocupação hoje é as clínicas desistirem de atender ao SUS. E aí pode ocorrer menor oferta de tratamento à população, o que é um grande problema porque os pacientes renais dependem única e exclusivamente das sessões de hemodiálise para viverem”, afirma.

“Sobretudo com o aumento de custos e as novas demandas decorrentes da pandemia causada pelo Covid-19, chegamos a um ponto crítico. Tivemos aumento de custos por causa de Covid, por aumento de equipes, aumentou os preços de diversos insumos importados, e para piorar, ainda temos governos que não cumprem os prazos de pagamentos para os fornecedores. Até quando será assim?”, diz a gestora.

Consultado, o Governo de Roraima ainda não se pronunciou. O espaço segue aberto.

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