Foto: José Cruz/Agência Brasil

Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza? Não é bem assim…

Pelo menos é o que mostra um estudo feito pela Serasa para investigar a relação entre o dinheiro e a vida afetiva. O levantamento “A saúde financeira entre casais”, feito entre 30 de maio e 5 de junho, apontou que para 52% dos brasileiros a situação financeira tem relação direta com a vida amorosa.

“A satisfação conjugal e a financeira estão intimamente ligadas” , diz Valéria Meirelles, especialista em Psicologia do Dinheiro da Serasa. “Quando um casal divide planos, um projeto de futuro juntos, quando há uma parceria, uma intimidade, o dinheiro faz parte das conversas. Esse casal discute sobre como esse recurso vai ser usado nesse projeto de vida, para atingir as metas compartilhadas. É preciso estar numa boa com seu parceiro para discutir essas questões”, diz.

Para Valéria, o que atrapalha isso é a maneira ainda preconceituosa que muitos veem a discussão sobre dinheiro. Ainda é um tabu falar sobre finanças.

“Falar sobre dinheiro ainda está, de maneira equivocada, associado a mesquinharia, a coisas ruins. As pessoas também têm, muitas vezes, vergonha em admitir que não sabem como usar o dinheiro, como controlar. Apesar de ele fazer parte do nosso dia a dia, a administrar dinheiro não é uma coisa tão simples. O problema é que o mau uso do dinheiro acaba desgastando a relação do casal”, acrescenta.

Esse tipo de desgaste também é mostrado em outro resultado da pesquisa: entre os casais separados ou divorciados, os problemas financeiros aparecem em segundo lugar (27%) como motivo principal para o término do relacionamento. Só perdem para dificuldades de comunicação (41%). E 19% das pessoas ouvidas disseram que já tiveram o nome negativado por causa de despesas do parceiro.

“Falar sobre dinheiro não é romântico, mas é necessário. Se não for feito um acordo antes e se discutir quais os valores e as crenças que esse casal tem em relação ao uso do dinheiro, ele acaba sendo usado de maneira negativa. No fim, a culpa pela separação acaba sendo do dinheiro. Mas não é isso. O problema é não conversar sobre ele”, diz Valéria.

E a conta conjunta? Ela está cada vez mais ultrapassada, segundo o levantamento. Dos casais ouvidos pelos pesquisadores, a maioria, 85%, disse que não têm essa modalidade bancária. Preferem ser o único titular e, assim, controlar as despesas e receitas, pagamentos e empréstimos que movimentam a conta-corrente.

E também está ficando cada vez mais para trás essa história de que o homem paga a conta. O assunto virou polêmica nas redes sociais depois que o ator Caio Castro disse, em entrevista a um podcast, que não se sente à vontade quando é obrigado a pagar o jantar quando está em um encontro.

Quase metade dos casais ouvidos, 40%, dividem a conta igualmente. Apenas 5% disseram que o parceiro é o único responsável pelas despesas.

“A maior inserção da mulher no mercado de trabalho, conquistando autonomia financeira, tem tornado esse percentual cada vez maior. Elas impõem condições de igualdade. A divisão de contas é uma tendência que veio para ficar e que a gente tem visto principalmente entre os mais jovens. E isso é muito positivo, essas transformações precisam acontecer”, diz ela. “Cada um tem que ter o seu dinheiro e, ao mesmo tempo, entender que dividir as contas é um investimento no próprio relacionamento.”

Planejamento do orçamento

Segundo o estudo, seis em cada dez casais brasileiros fazem o controle mensal das finanças. A fatura do cartão de crédito foi apontada como a forma mais utilizada para controlar a despesa (27%), seguida do extrato da conta bancária (22%).

O planejamento é também um investimento no futuro da relação, segundo a especialista. Só com as contas equilibradas e um projeto de economia traçado é possível fazer planos e estipular sonhos conjuntos a serem atingidos. Sonhos e metas que unem o casal e tornam mais próspera a relação amorosa.

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