O Núcleo de Mulheres de Roraima (Numur), com o apoio de 50 organizações, emitiu uma carta aberta após o assassinato da tradutora e intérprete Angelita Proporita Yanomami. O documento cobra as autoridades para a realização de uma investigação completa, sobre o assassinato, em busca de justiça para o caso.
O núcleo prestou solidariedade aos familiares de Angelita. “Nos solidarizamos com os familiares e todo o povo Yanomami, pela morte precoce de sua filha Angelita Proporita, mulher indígena de apenas 35 anos, mãe de três filhos, sendo uma menina e dois jovens, trabalhadora em prol da vida e dos direitos das mulheres e de seu povo. Que ela seja guiada por Omana, em sua passagem, para habitar nas costas do céu e se juntar aos bores”, declarou o grupo.
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) destacou a trajetória profissional de Angelita na Casa de Saúde Indígena (Casai) e na maternidade Nossa Senhora de Nazaré. Além disso, o MPI ressaltou que a jovem era uma lutadora dos direitos indígenas contra a invasão de garimpeiros na região Yanomami. “Pedimos que não seja divulgada nenhuma imagem de Angelita nas redes sociais”, completou a nota.
Conexão entre violência e cenário político
De acordo com o Numur, existe uma conexão entre as violências perpetradas nas comunidades indígenas e o atual cenário político nacional. O núcleo enfatiza que a aprovação da tese do Marco Temporal representaria a legalização da violência contra os povos indígenas.
“Invasores seguem em Terras Yanomami impondo violência e insegurança à vida das mulheres e ao seu povo. Na cidade, as mulheres ficam expostas a violências e têm suas vidas ceifadas. Enquanto isso, um Congresso conservador quer impor mais violência, a indígenas, com o Marco Temporal e, em Roraima, o governo do Estado e outros políticos são amplamente conhecidos por serem contrários aos direitos indígenas”, aponta o núcleo.
Vulnerabilidade em evidência
A Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos destacou repúdio ao assassinato de Angelita Yanomami e à violência generalizada que afeta o povo Yanomami. Com a invasão de terras por milhares de garimpeiros e, mais recentemente, como o mundo inteiro pôde testemunhar, pela situação de fome e penúria que ronda várias de suas comunidades”, declarou a comissão.
De acordo com a Arns, após a morte da indígena, fica mais evidente a situação de vulnerabilidade que atinge os povos indígenas do Estado de Roraima. “Povos indígenas vítimas do desmatamento dos órgãos de proteção e fiscalização em seus territórios, bem como dos cortes em programas de assistência de saúde às comunidades, promovidos pelo governo anterior”, concluiu a comissão.