A Hutukara Associação Yanomami informou nesta quarta-feira (31) a morte de Angelita Prororita Yanomami, ex-esposa do líder Dário Vitório Kopenawa, vice-presidente da organização. Na nota, a organização exige que o caso “seja investigado e pede justiça”. A entidade também faz a seguinte solicitação: “pedimos encarecidamente que as imagens de Angelita não sejam difundidas, respeitando a cultura e as tradições do povo Yanomami e o luto da família.”
A Hutukara ainda não informou sobre a data do funeral e onde deve ocorrer a cerimônia tradicional de sepultamento de Angelita. Os Yanomami possuem ritos funerários específicos de sua cultura e cosmologia.
Angelita Prororita Yanomami tinha 35 anos e estava desaparecida há um mês. Seus restos mortais foram encontrados no dia 1º de maio por policiais militares nas proximidades do rio Branco, no chamado Banho Copaíba, na capital Boa Vista, mas somente nesta quarta-feira as autoridades do governo de Roraima confirmaram que se tratava da indígena.
A jovem costumava acompanhar as lideranças Yanomami em eventos e atuava como intérprete da língua de seu povo nos trabalhos da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai). Ela estava há um mês desaparecida. Angelita deixa uma filha adolescente da sua relação com Dário Kopenawa.
Os restos mortais de Angelita ainda estão no Instituto Médico Legal (IML) de Roraima. A confirmação de que o corpo era de Angelita surpreendeu familiares e amigos. Ainda não se sabe a causa da morte. Em Brasília, acompanhando as mobilizações contra o marco temporal (Projeto de Lei 460), Dário Kopenawa disse que não iria falar sobre o assunto.
Em nota, o Ministério da Saúde diz que “se solidariza com os familiares e toda a comunidade indígena Yanomami pela morte de Angelita Prororita Yanomami”. O órgão confirmou que ela trabalhava como intérprete na Casai do Dsei Yamomami e que “sempre foi muito atuante na luta em defesa dos direitos, por justiça e dignidade das mulheres Yanomami”.
O Ministério da Saúde diz ainda que vai “colaborar com as investigações conduzidas pelas autoridades competentes para que as causas da morte sejam esclarecidas o mais rápido possível”.
A Polícia Civil de Roraima foi procurada pela reportagem para responder sobre os desdobramentos da investigação, mas até a publicação desta reportagem não se pronunciou.