A Comissão Temporária Externa para acompanhar a situação dos Yanomami e a saída dos garimpeiros dessas reservas em Roraima, promoveu uma audiência pública nesta terça-feira (23) para discutir medidas de promoção do desenvolvimento socioeconômico no estado. As áreas de educação e de energia foram apontadas pelos participantes do debate como medidas essenciais para o progresso de Roraima.
Diego Prandino Alves, ex-secretário de Planejamento e Orçamento de Roraima, que ocupou o cargo por quatro anos e meio, falou sobre a sua experiência no órgão e relembrou o período de intervenção federal em Roraima em 2018. Ele destacou ainda que o estado possui o menor PIB e o menor orçamento aprovado para este ano, no valor de 6,9 bilhões de reais.
Na avaliação de Diego, o valor é pequeno tendo em vista as adversidades que Roraima enfrentou nos anos de 2016, 2017 e 2018. Ele disse ainda que, atualmente, Roraima está no caminho certo do desenvolvimento social com um aumento na geração de empregos no estado nos últimos anos, chegando a uma taxa de desemprego em torno de 4%. Porém, ele avalia que para alcançar o desenvolvimento socioeconômico é necessário mais investimentos em educação.
“Não há como falar em desenvolvimento socioeconômico, não há como tratar a questão garimpeira, não há como tratar a questão da imigração se nós não falarmos em educação. Não adianta nós abafarmos aqui, fazer uma evacuação ali, resolver a questão imediata sem que haja uma educação que dê o nosso norte a médio e longo prazo”, disse.
Já Fábio Martinez, secretário Adjunto de Planejamento e Orçamento de Roraima, disse que há necessidade de apoio do Congresso Nacional e da União em duas áreas centrais, na questão energética, dando continuidade às obras do Linhão de Tucuruí, que liga Roraima ao sistema elétrico nacional, e também na área de infraestrutura viária, especialmente na manutenção constante da BR-174, utilizada na exportação para a Venezuela.
Fábio relacionou ainda o incremento da taxa de empregados no estado ao aumento do número de pessoas procurando emprego, levando em conta a elevação do fluxo migratório na região. Segundo ele, por dia, entram em torno de 600 pessoas no estado de Roraima e boa parte delas permanece em solo roraimense. Para Fábio, o retorno dos garimpeiros para áreas rurais e urbanas também aumenta a necessidade de se criar novas vagas de trabalho.
“Em paralelo a isso a gente tem a questão do garimpo em terras indígenas, que a gente sabe que tinha um quantitativo lá que não era desprezível, de pessoas que trabalhavam, que tinham o seu sustento, que agora estão voltando para as zonas urbanas, algumas zonas rurais, que agora o estado de Roraima mais uma vez tem que trabalhar para promover o desenvolvimento, uma mudança de cultura para que essas pessoas sejam inseridas no mercado de trabalho, de forma para continuar agregando para a nossa economia. Mas é claro que o estado sozinho ele não consegue trabalhar, fazer o total de ações necessárias para conseguir mitigar essa situação, a gente precisa muito do apoio do Congresso, do apoio da União, para conseguir continuar com esse crescimento”, destacou.
A Comissão aprovou ainda um requerimento de autoria da senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, para a realização de audiência pública destinada a discutir o envolvimento de organizações criminosas com o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.