Representantes do Conselho Nacional de Saúde, em Boa Vista, Roraima (Bianca Diniz/Revista Cenarium)

A comissão do Grupo de Trabalho do Conselho Nacional de Saúde (GT-CNS) iniciou nesta terça-feira, 16, oficialmente, o monitoramento da saúde do povo Yanomami, no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y). Com o objetivo de avaliar as condições de saúde, o grupo estará presente na Terra Indígena (TI) até sábado, 20, cumprindo uma agenda de atividades específicas.

De acordo com o representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Haroldo Pontes, a equipe está realizando parte do compromisso que vem sendo mantido com os Yanomami. “Não estamos lidando com a situação somente agora, depois que a crise foi conhecida por todo o País. Fizemos esta denúncia há mais de um ano, em Brasília”, declarou Pontes.

Pontes ressaltou que, anteriormente, as ações eram realizadas sem o apoio do governo federal. “Com relação às nossas ações, juntamente com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde Indígena, o governo anterior não deu nenhuma resposta e nenhuma importância. Diferentemente, neste ano, estamos fazendo encaminhamento e estamos tendo respostas”, completou Haroldo.

Ações contínuas

O presidente da Urihi Associação Yanomami (UAY) e do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, Junior Hekurari Yanomami, enfatizou que a saúde do povo indígena está em processo de restabelecimento. Mas que, no entanto, há necessidade de manter a implementação contínua de ações na terra indígena.

“O povo Yanomami está se recuperando. Em visita ao Surucucu, percebi que a força-tarefa avançou, mas temos muito a fazer, como combater os casos de malária na região. As comunidades possuem difícil acesso, por isso, estamos sofrendo, [ainda mais] com o clima por lá, de muita chuva. Os garimpeiros saíram, mas os problemas continuam. Por isso, a importância de ver a realidade desse povo”, ressaltou.

Monitoramento

Para a representante da Associação Brasileira Rede Unida, Eliene Rodrigues Putira, integrante da etnia Baré, o diálogo estabelecido entre as entidades resultou em reforços contra a crise humanitária causada pelo avanço do garimpo ilegal na região.

“Falamos muito das questões dos povos indígenas, da questão da saúde. Hoje, estamos aqui como representantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS) para relatar o que, de fato, vem sendo realizado a partir de todas essas demandas de portarias e sugestões. Nossa maior preocupação, hoje, é monitorar para saber, justamente, o que está sendo construído em nível de permanência”, comentou Putira.

Sobre a comissão

A comissão responsável por monitorar a saúde do povo Yanomami é composta por uma equipe que inclui o presidente da UAY, Junior Hekurari Yanomami; o conselheiro nacional de saúde pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Luiz Carlos Ferreira Penha (Tukano), além da conselheira nacional de saúde pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Vânia Leite.

Assim como eles, participam Roberto Marques, da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste (Apoinme), Esther Ferrer, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Ana Lúcia Paduello, integrante da mesa diretora do CNS; além de Ana Carolina Dantas, secretária-executiva do CNS, e Gustavo Cabral, secretário-executivo substituto do CNS.

De acordo com o GT, após a conclusão da visita à região, a equipe retornará a Brasília, onde será elaborado um relatório com base nas atividades realizadas. Tal relatório será encaminhado ao CNS, como parte do processo, visando informar e fundamentar as discussões sobre a saúde do povo Yanomami.

Caso aprovado, o relatório será divulgado à imprensa e compartilhado com toda a sociedade, com o objetivo de promover a transparência e garantir que as informações relevantes sobre a situação de saúde dos Yanomami sejam acessíveis a todos.

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