Um agente de saúde indígena morreu. (Reprodução/ Redes Sociais)

Investigação preliminar da Polícia Federal (PF) apontou que um grupo de garimpeiros ilegais resistentes à desocupação da Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima, foi responsável pela morte de Ilson Xirixana, 36 anos, na comunidade Uxiú, nesse sábado, 29.

“Há depoimentos de testemunhas indígenas e não indígenas que apontam para a participação direta de garimpeiros ilegais que resistem à saída da Terra Yanomami, mas precisamente nas comunidades de Uxiú e Surucucum, regiões que eles acreditam ter maior incidência de ouro. Tudo foi articulado e eles atiraram para matar”, explicou um agente que pediu para não ter o nome publicado.

Além de Ilson Xirixan, outros dois indígenas foram alvejados pelos garimpeiros, segundo a polícia. Eles foram levados para a comunidade Surucucu, onde ficaram a madrugada de sábado para domingo.

Veja o vídeo:

Vídeo mostra a chegada dos feriados a um centro de atendimento à saúde indígena. (Reprodução/ Redes Sociais)

Na manhã deste domingo, ambos foram removidos para o Hospital de Boa Vista e estão sob escolta policial. “Há um pedido de reforço policial, porque o caso será melhor esclarecido a partir dos depoimentos dos sobreviventes”, afirmou o policial à CENARIUM.

Na tarde deste domingo, o Ministério dos Povos Indígenas pediu ao Ministério da Justiça para reforçar o efetivo da Polícia Federal na investigação da morte e ferimento dos indígenas Yanomami em Roraima. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que uma comitiva interministerial do governo federal está a caminho da região para reforçar a ações contra garimpeiros.

“A situação de invasores na TI Yanomami vem de muitos anos e mesmo com todos os esforços sendo realizados pelo governo federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território. Solicitamos reforço do Ministério da Justiça para investigação da PF sobre este caso”, afirmou Guajajara.

O conflito entre indígenas e garimpeiros ilegais na TI Yanomami existe há pelo menos quatro décadas, por conta da existência de ouro naquela região, e se aprofundou no Governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), quando houve inação da gestão pública federal para conter o avanço dos grupos de garimpeiros que chegaram a somar mais de 20 mil pessoas.

A situação de grave crise sanitária na região ganhou repercussão internacional após vazarem imagens de crianças indígenas desnutridas que, segundo levantamentos, podem chegar a pelo menos 500 crianças Yanomami mortas por desnutrição no Governo Bolsonaro.

Em fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a retomada da Terra Indígena Yanomami, mas até o momento, não há resolução concreta do conflito, conforme apontam as lideranças das associações indígenas em Roraima.

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