Foto: Secom Roraima

O nascimento de uma filha, um momento que deveria ser de felicidade, se tornou um pesadelo para o jornalista Felipe Medeiros e a companheira dele, Natália Fuhrmann, no dia 7 de março. Por meio de um post no Instagram, publicado neste sábado, dia 8 de abril, um mês após o ocorrido, ele relatou que ela sofreu violência obstétrica na hora do parto, no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, a única maternidade de Boa Vista.

Com o título “Nasceu sim”, no início do texto ele conta aos amigos o motivo da falta de notícias sobre o nascimento da filha.

“Enfrentamos momentos que não estavam nem nas piores intercorrências que jamais imaginamos passar durante a gestação. Nossa filha está bem! Nasceu super saudável na tarde do dia 7 de março – um parto normal. Apesar de tanto amor em apenas 50 centímetros, ficamos reclusos nos últimos 30 dias em um processo de cura”, afirmou o jornalista no começo do relato postado na rede social.

No decorrer da publicação, ele conta que Natália foi vítima de violência obstétrica no momento que tentarem retirar a placenta. O procedimento, feito de forma inadequada, resultou em uma hemorragia e ela foi encaminhada ao centro cirúrgico, onde precisou de transfusão de quatro bolsas de sangue e duas de plasma.

“A maternidade inteira soube dessa situação assustadora. Por muito pouco não aconteceu o pior. Tudo por falta de coordenação de equipe, comunicação adequada, respeito e empatia de médicos na única maternidade de Roraima”, relata o jornalista em outro trecho.

Diante da gravidade do quadro de saúde, Natália recebeu um encaminhamento para ser levada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR), mas não chegou a ser necessária a transferência. Na tentativa agressiva de retirada da placenta,  o útero dela inverteu.

“Tentativa agressiva, desumana e, repito, sem comunicação do procedimento que estava sendo feito por três médicos ultrapassados, grosseiros e arrogantes (de médicos, são poucos ali que não são, os enfermeiros e técnicos carregam a unidade). Por pouco ela não perdeu o útero aos 23 anos”, lamentou.

Em menos de 12 horas Natália saiu do centro cirúrgico para se recuperar na enfermaria. Devido a toda situação relatada, ela não conseguiu produzir leite para amamentar a filha recém-nascida. O jornalista afirmou, ainda, que ouviu de uma enfermeira que em 20 anos trabalhando no local nunca havia visto uma situação parecida. Após uma semana, Natália recebeu alta e pôde ir para casa.

“O silêncio me corroeu ao longo desses dias. Me sufocou não poder dizer que os médicos que estão no sistema para cuidar, fazem o contrário – te adoecem, te causam traumas, te desrespeitam, te agridem (verbalmente e fisicamente), tratam mal e violam seu corpo (seu templo). É lamentável essa imensa inversão presente em todos os dias no nosso estado, no nosso país. Falta humanidade, reciclagem. Me solidarizo com todas as mães que saem com esse misto de tristeza (muita) e traumas, enquanto deviam ter mais alegria. Meus sentimentos às mães que perderam seus filhos na única maternidade pública de Roraima, e aos filhos que, lamentávelmente, crescem hoje sem suas mães”, finalizou o jornalista.

Governo afirma que vai apurar a denúncia 

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde informou que tomou conhecimento dos fatos relatados por meio da imprensa e que irá apurar a denúncia e se colocou à disposição da paciente e família para ajudar no que for possível.

“Dessa forma, o corpo técnico avaliará todos os procedimentos realizados e tomará as medidas cabíveis, caso seja constatada alguma irregularidade no atendimento. Informa que, assim que for finalizada toda a apuração, vai se pronunciar sobre o caso”, finalizou a nota.

 

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