Foto: Ricardo Stuckert/PR

O senador Mecias de Jesus (Republicanos) acusou nesta terça-feira (4) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ter incentivado invasões de terras por indígenas em fazendas do estado de Roraima. No fim de março, o senador já havia denunciado que indígenas estariam ocupando irregularmente propriedades privadas pelo interior do estado.

Segundo o líder do Republicanos, a ação teria ocorrido quando o presidente participou da 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, realizada na Terra Raposa Serra do Sol, em 13 de março – território indígena Yanomami que foi um dos principais focos de invasão de garimpeiros ilegais. O evento discutiu a proteção de terras, a gestão de recursos naturais e a agenda indígena para 2023.

Na ocasião, Lula disse ser favorável à demarcação de terras indígenas na região. “A verdade tem que ser dita toda hora: os indígenas não estão ocupando a terra de ninguém. Eles estão apenas brigando para ficar com aquilo que era todo seu e que os invasores, desde 1500, vem tirando pedaços de terra que pertenciam a todos a vocês”, discursou o chefe do Executivo, que ainda falou sobre a urgência de legalizar os territórios.

De acordo com Mecias de Jesus, após a fala do presidente, três fazendas foram invadidas. Na avaliação do parlamentar, Lula pode ter incentivado invasões.

“Entendo que é completamente descabida qualquer tipo de invasão e essa fala é um incentivo. Nosso estado já possui 46 % de seu território com demarcações. Também precisamos produzir alimentos e dar subsistência ao nosso povo”, ressalta o senador, acrescentando que as invasões ocorreram em fazendas produtivas, próximas de terras já demarcadas e destinadas aos índios.

Relação com garimpeiros

O senador Mecias de Jesus e seu filho Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), indicado ao Tribunal de Contas da União (TCU) sob a tutela de Arthur Lira (PP-AL), foram acusados por lideranças indígenas de terem relação próxima com exploradores ilegais das terras Yanomami. Durante o governo de Jair Bolsonaro, os últimos três gestores do Distrito de Saúde Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), vinculado ao Ministério da Saúde, foram indicações da família de Jesus, ligada ao ex-presidente.

Mecias também é autor de um projeto de lei (PL) que defende a liberação do garimpo em terras indígenas. A iniciativa sugere a autorização “de pesquisa e concessão de lavra garimpeira a terceiros em terras indígenas”. A atividade seria desenvolvida em “zonas de garimpagem” estabelecidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

O texto mostra que o parlamentar já tinha conhecimento da situação dos Yanomami no documento assinado eletronicamente em 23 de maio de 2022. Mecias comenta sobre a crise do povo e cita a desnutrição dos indígenas na região, justifica que os indígenas também participavam do garimpo e tratou a prática como “natural”.

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