Dez reeducandos da Cadeia Pública Masculina de Boa Vista foram destaques com nota máxima em um concurso de redação da DPU (Defensoria Pública da União). O concurso, na sétima edição, apresentou o tema “Prato feito: alimentação de qualidade é sinal de dignidade”.
As inscrições ocorreram em setembro de 2022, as correções ocorreram no dia 2 de dezembro do ano passado e no dia 24 de janeiro de 2023 foram divulgados os resultados. Ao todo, 237 presidiários foram inscritos no concurso.
“Tivemos um quantitativo relevante de participantes com notas boas no concurso. Destes, sete foram nota 10; 11 receberam nota nove; 44 tiraram nota oito; os demais obtiveram entre sete a seis, e apenas dois zeraram a redação”, destacou a diretora da unidade, Maria José da Conceição.
O concurso ocorreu em vários níveis escolares, mas a unidade participou na categoria quatro, destinada a alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, 1º e 3º ano do ensino do EJA (Ensino de Jovens e Adultos) em situação de privação de liberdade do sistema prisional brasileiro.
“Incentivar a participação dos alunos na leitura, na participação de redação é muito importante, porque a leitura é capaz de ampliar o conhecimento, a visão de mundo e sociedade refletida na volta à realidade, para o meio social”, disse Conceição.
Entre os participantes que atingiram a nota máxima na redação está o professor José Mourão de Araújo, que também trabalha como um dos incentivadores aos projetos de leitura na Cadeia Pública. Em contrapartida, ele recebeu como benefício a remição de pena.
“A unidade passa por um momento de ascensão e com o apoio da direção tive a oportunidade de trabalhar como professor nos projetos. Recentemente tivemos o concurso oferecido pela DPU e o material para que os colegas estudassem foi desenvolvido dentro da unidade. Eu e a equipe de professores fizemos uma cartilha de língua portuguesa, matemática e redação, então com ajuda desse material o resultado foi muito positivo”, contou.
Para o reeducando Darlan do Nascimento Reis, os projetos realizados na cadeia despertaram o interesse pela leitura e melhoria na escrita. Ele soube pelo professor que obteve uma nota boa e foi aprovado no último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
“Tirei um pouco mais que a média e fiquei feliz, porque queremos remir pena e temos essa oportunidade através do projeto, que também nos prepara para quando sairmos daqui. Antes não tinha o costume de ler, e hoje já tenho! A escrita melhorou, a leitura melhorou, porque tenho desenvolvido isso aqui”, afirmou.