Hemolab em Boa Vista. Foto: Ilzo Pessoa/Google

Maurício Miranda de Mello, empresário e um dos alvos da segunda fase da operação “Hypnos”, deflagrada nesta quarta-feira (8) pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), em Cuiabá, no Mato Grasso, teria dado um golpe na construção de um laboratório de análises clínicas em Boa Vista, capital do Estado de Roraima. Maurício ainda não teve o mandado de prisão cumprido pela Polícia Civil e já é considerado foragido

Segundo as investigações, o empresário seria o verdadeiro proprietário da Remocenter Remoções Médicas, uma empresa “fantasma” que vendeu à Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP) mais de R$ 3,2 milhões em medicamentos superfaturados. Além do valor acima do praticado no mercado, os remédios nunca foram entregues, acarretando em prejuízos não só aos cofres públicos, tendo em vista que a ECSP é ligada à prefeitura de Cuiabá, prejudicando assim diretamente a população.

Além da Remocenter, Maurício é apontado no inquérito como proprietário de outras empresas utilizadas em esquemas ilegais. Uma delas, a Comap Construtora e Incorporadora – que “possui” sede em Cuiabá e filiais nos estados de Roraima e São Paulo. Segundo as investigações, a Comap não teria cumprido um contrato com a empresa Hemolab Análises Clínicas, com sede em Boa Vista. O laboratório efetuou pagamentos a Comap, mas não teve a obra nem mesmo iniciada.

“A empresa Comap Construtora e Incorporadora foi alvo de denúncia por prática do crime de estelionato, praticado em 2016 na cidade de Boa Vista. Isso porque, a vítima teria realizado vários pagamentos antecipados ao representado Maurício Miranda De Mello, para fins de realizar a construção da sede de sua empresa, a Hemolab Análises Clínicas, porém a obra nunca foi realizada, tampouco os valores foram devolvidos”, diz trecho da decisão judicial dada pelo juiz Jean Bezerra que autorizou a deflagração da segunda fase da operação Hypnos.

A discussão foi parar no Tribunal de Justiça de Roraima que na última terça-feira (7) proferiu decisão favorável ao laboratório. Os autos, porém, não estão disponíveis à consulta pública. As investigações revelam ainda que o empresário possui empresas em pelo menos cinco unidades federativas – Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Roraima.

Conglomerado de ‘laranjas’

Conforme os autos, todas as empresas ligadas a Maurício tem suas atuações baseadas em “relacionamentos espúrios com a administração pública”, enfatizando ainda que própria Remocenter, suspeita de prejuízos aos cofres públicos de Cuiabá, também esteve envolvida no “Escândalo dos Respiradores Fantasmas” durante a pandemia da Covid-19, em Santa Catarina.

No “negócio suspeito”, o empresário “vendeu” respiradores ao governo catarinense que, assim como os remédios supostamente vendidos à Prefeitura de Cuiabá, nunca foram entregues. A negociata rendeu um rombo de R$ 33 milhões aos cofres públicos de SC e o afastamento do ex-governador, Carlos Moisés (PSL).

Operação Hypnos 2

A operação foi deflagrada nas primeiras horas da quarta-feira (8) e resultou na prisão do diretor da Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP), Eduardo Pereira Vasconcelos. Além disso, a Justiça determinou a suspensão dos servidores Raquell Proença Arantes, Jussinane Beatris Perotto e João Victor Silva de suas funções na ECSP até a conclusão das investigações

Relatórios de auditoria da Controladoria-Geral do Estado apontaram indícios de desvios de recursos públicos na ECSP na ordem de R$ 3.242.751,00. A partir disso, foram constatadas diversas irregularidades em alguns pagamentos.

Investigações apontam que o dinheiro pode ter sido desviado dos cofres da saúde pública do município de Cuiabá e foram direcionados à empresa Remocenter de forma indevida, em plena pandemia de covid-19.

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