Evento de filiação do PSB onde estava Chico Rodrigues, Carlos Siqueira e Geraldo Alckmin. Foto: Janary Damacena/ ascom PSB

Com menos de um mês de atividade, a comissão externa do Senado que acompanha as atividades de enfrentamento à crise humanitária na terra indígena Yanomami, em Roraima, já corre o risco de ser extinta. Uma crise protagonizada pelo seu presidente, Chico Rodrigues (PSB-RR), ameaça a ruptura do colegiado. Enquanto isso, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, teme que a crise na comissão seja resultado de um ruído de comunicação. Para resolver isso, ele planeja se encontrar com o senador para averiguar suas intenções.

O conflito na comissão se dá pela divergência entre o bloco majoritário, formado por Chico Rodrigues e os outros dois membros da bancada de Roraima, e o bloco minoritário, dos governistas Eliziane Gama (PSD-MA) e Humberto Costa (PT-PE). A ala governista teme que os parlamentares de Roraima corrompam o escopo do colegiado, e o utilizem como um mecanismo de proteção ao garimpo no lugar da proteção aos indígenas atingidos na região pela fome e doenças decorrentes da atividade garimpeira.

Chico Rodrigues não ajudou a deter a crise. Visto por entidades de proteção aos direitos dos povos indígenas como um aliado do garimpo, o senador intensificou o conflito com o bloco minoritário no último dia 20, quando utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para sobrevoar a terra Yanomami e fazer uma visita no local sem consultar ou avisar aos demais membros do colegiado. Desde então, Humberto e Eliziane passaram a cogitar caminhos para reduzir a influência da bancada de Roraima no colegiado, considerando inclusive a possibilidade de sair da comissão.

Carlos Siqueira afirma temer que o conflito consista, na realidade, de um ruído na comunicação entre Chico Rodrigues e os demais governistas. “O comportamento do senador é pessoal, mas ele não disse a mim e nem a ninguém que defende o garimpo. O que ele me diz é que defende uma solução governamental para lidar com as pessoas que estão sendo retiradas dos garimpos. São pessoas pobres que vão tentar a vida. É diferente dos donos dos garimpos”, afirmou.

O mesmo argumento foi adotado pelos demais senadores roraimenses, inclusive pelo relator Hiran Gonçalves (PP). A conversa entre Siqueira e Rodrigues, porém, se deu antes da visita in loco do senador, e consequentemente antes do ápice da crise com os senadores governistas. Desde então, o dirigente partidário se manifestou por meio de uma nota conjunta com Jorge Kajuru (GO), líder da bancada do PSB, dando razão ao bloco governista.

A nota reforça a posição de que, apesar de ser válida a preocupação com a sobrevivência dos garimpeiros, o garimpo segue sendo a principal causa da crise humanitária, e a prioridade do governo deve ser desmontar a atividade garimpeira na região e amparar a população Yanomami. O aceno em favor do bloco minoritário não aliviou a crise.

Antes de decidir o próximo passo para lidar com a crise na comissão, Carlos Siqueira ainda quer se encontrar com o senador e entender as intenções da visita à terra indígena e avaliar se de fato se trata de um ruído. “Ele precisa esclarecer sobre isso, precisamos saber ainda o caráter dessa visita, se foi como membro da comissão ou como senador individual. Também precisamos saber ainda a natureza dessa visita”, defendeu.

O esforço do presidente do PSB para avaliar se há de fato um ruído intensificando a crise na comissão se dá em meio à uma corrida contra o tempo. Mais cedo, o bloco minoritário anunciou que debateria já nesta segunda (27) ou terça-feira (28) o próximo passo para definir o destino do colegiado, não excluindo a possibilidade de sua extinção.

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