Em menos de quatro meses, a Polícia Federal flagrou quadrilhas distintas de garimpeiros na extração ilegal de pelo menos 25 toneladas de cassiterita em terras indígenas de Roraima como a reserva Yanomami, de acordo com inquéritos obtidos pela coluna. O mineral é apelidado de “ouro negro” pelos garimpeiros.
Investigadores avaliam que o fluxo intenso de grandes carregamentos de cassiterita é um indicativo de como, nos últimos meses do governo de Jair Bolsonaro, aumentaram as incursões criminosas de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami e em outras reservas de Roraima.
Em 22 de outubro, por volta das 18h, policiais acharam uma carga de 5 toneladas de cassiterita na caçamba de um caminhão. O veículo foi parado em posto de fiscalização da BR-174 na vila de Jundiá, em Rorainópolis. O minério estava escondido sob uma carga de carvão, em mais de 50 sacos.
No dia 10 de fevereiro, a PF apreendeu outras 5 toneladas de cassiterita na casa de João Alisson Alencar Lima. Ele era um dos investigados na Operação Bal, que também teve como alvo a irmã do governador Antonio Denarium (PP-RR), Vanda Garcia de Almeida. Durante a operação, a polícia não achou João Lima, mas sua mãe, Jodineia Lima, foi presa em flagrante pela posse ilegal do minério. Essa operação investiga a movimentação de mais de R$ 64 milhões obtidos com o garimpo em terras indígenas.
No dia 9 de fevereiro, autoridades federais iniciaram uma operação especial para combater o garimpo em terras Yanomami. Em uma semana, essa operação apreendeu 16 toneladas de cassiterita em fiscalizações de veículos e depósitos de Roraima.
Fonte de estanho
Apelidada de “ouro negro”, a cassiterita virou uma das principais buscas de garimpeiros na TI Yanomami, porque é achada em maior quantidade do que o ouro. A cassiterita é a principal fonte de estanho, metal aplicado em revestimentos de latas e em soldas eletrônicas. Uma tonelada de estanho é vendida por cerca US$ 27 mil no mercado internacional.