Comando de Fronteira Roraima / 7º Batalhão de Infantaria de Selva. Foto: Dieny Portinani.

Relatórios preliminares de inteligência da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) feitos em 2019, no início do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mostram a ligação entre militares e alvos de operações contra o garimpo ilegal.

De acordo com informações da Folha de S.Paulo, os documentos apontam uma relação próxima entre integrantes do Exército que atuavam em Roraima e o crescente garimpo ilegal do território Yanomami, que passa por um estado de emergência.

Os relatos da 5ª fase da operação Ágata, mostram que garimpeiros tinham relação de parentesco com militares do Sétimo Batalhão de Infantaria da Selva (BIS). Vale destacar que esses militares vazavam informações sobre operações de combate à atividade ilegal e permitiam a circulação de ouro ou drogas com pagamento de propina.

Há diversos relatos dos abordados, tanto de indígenas como de garimpeiros ou trabalhadores dos acampamentos, no qual são apontados nomes, patentes e até mesmo o número de celular dos militares que supostamente recebiam propina para vazar informações.

O dono de uma embarcação da região afirmou que seu chefe recebeu diversas informações. “[Meu chefe] possui diversos militares comprados que trabalham como informantes”, disse. “[Eles] permanecem passando informações das operações para ele, oriundas de Manaus.”

Em um outro depoimento, é destacado que um homem separa dez gramas de ouro por mês para pagar “militares que entregam informações sobre as operações” e avisam “quando [os soldados] entram [na TI] e quando saem, e como entram e quantos são”.

Também é apontado a atuação de integrantes do PCC, uma das maiores facções criminais no país, na região. Ainda é ressaltado a relação entre o tráfico de drogas e o transporte de minerais ilegais pelos rios e florestas da TI Yanomami.

Segundo a reportagem, há no documento nomes, patentes e até contatos dos militares envolvidos no esquema criminoso. O jornal questionou então quais providências foram tomadas pela Funai durante a gestão bolsonarista de Marcelo Xavier, quando foram colhidas as informações, mas não obteve resposta. O Ministério da Defesa e o Exército também foram procurados, mas não comentaram.

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