Canteiro de garimpo na região do Apiaú na Terra Indígena Yanomami (Foto: divulgação)

A associação ianomâmi Urihi informou neste domingo (22) que a mulher da comunidade Kataroa que teve a foto divulgada para alertar sobre a crise humanitária e sanitária na região não resistiu ao grave quadro de desnutrição.

A organização pediu que a imagem dela não seja mais usada, em respeito à cultura do povo ianomâmi. Quando uma pessoa morre, não se fala mais o nome dela, todos os pertences são queimados e as fotos não são mais divulgadas, diz a associação.

“Entendemos a importância de levar ao mundo a situação drástica, mas por questões culturais a sua imagem não poderá mais ser divulgada” – Associação ianomâmi Urihi

O Ministério da Justiça determinou investigação da PF para apurar crimes de genocídio e ambiental na região. O genocídio é caracterizado pelo extermínio deliberado de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso.

Na sexta-feira, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge os ianomâmis. O presidente Lula (PT) montou um comitê para elaborar medidas para combater, principalmente, a questão da fome e da segurança.

Essa área de Roraima é palco de confrontos violentos e frequentes entre garimpeiros e os indígenas, além de denúncias de negligência do governo do Estado e da antiga gestão Bolsonaro. Crise sanitária e humanitária.

Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, 570 crianças ianomâmis morreram por contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, “devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região”.

Jair Bolsonaro (PL) deu justificativas hoje pelo Telegram, mas foi rebatido por Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Considi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana).

O presidente do Conselho disse que a luta deles é por dignidade e acusou o ex-presidente de “infestar os órgãos indígenas com militares que não tinham experiência técnica”.

“Não busquem justificar o injustificável, se já estávamos em situação de vulnerabilidade, piorou drasticamente com falas recorrentes incitando a aprovação do garimpo e madeireiros”, disse Júnior Hekurari Yanomami.

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