Foto: Arquivo/ Idesam

A Amazônia já perdeu 15% da vegetação (quase 125 milhões de hectares), de acordo com estudo do Mapbiomas, percentual que se aproxima do “ponto de inflexão” ou “ponto sem retorno” — quando a floresta não conseguirá mais se recuperar da devastação, perderá a capacidade de reestabelecer seu equilíbrio e poderá se tornar savana — calculado pelos cientistas na faixa entre 20% e 25% de perda.

Os dados mostram que, em 1985, apenas 6% (cerca de 50 milhões de hectares) da Amazônia havia sido transformado em áreas antrópicas, como pastagens, lavouras, garimpos ou áreas urbanas. Em 2021, essa área quase triplicou.

“Se a tendência atual verificada pelo MapBiomas Amazônia continuar, o bioma, que é um sumidouro de carbono de importância planetária, chegará a um ponto sem volta, afetando irreversivelmente seus serviços ecossistêmicos, e poderá se tornar uma savana”, diz o documento emitido pelo Mapbiomas.

A pesquisa também apresenta que a magnitude da destruição varia de um País para outro, chegando a 1,6% no Suriname, na Guiana e na Guiana Francesa, e a 19% no Brasil.

Preocupação
O ambientalista Ricardo Ninuma lembra que a floresta possui capacidade de autorregeneração da fauna e da flora, composta por várias espécies, cada qual com características de adaptação às condições do ecossistema e que se associam para a manutenção e recuperação.

“A ação do homem está destruindo espécies que fazem parte do processo, dificultando o retorno da vegetação primitiva, tornando quase que irrecuperáveis”, explica ele, afirmando, ainda, que a exploração desenfreada das florestas desencadeia processos que, em algumas etapas, são irreversíveis.

“Ocasiona o aumento da temperatura terrestre, provocando o derretimento acima do normal das geleiras, que são responsáveis por, aproximadamente, 70% da água doce terrestre. Neste processo, a água uma vez derretida não congela mais”, conclui ele.

Mapbiomas
Os dados são da Coleção MapBiomas Amazônia 4.0, iniciativa resultante da colaboração
entre a Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (Raisg) e a Rede MapBiomas.

“A Coleção MapBiomas Amazônia 4.0 é inestimável para o entendimento da dinâmica de uso dos recursos naturais da região, além de contribuir para a modelagem climática e o cálculo das emissões e remoções de gases de efeito estufa devido às mudanças no uso do solo na região”, disse Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.

O estudo mapeia a região amazônica há mais de três décadas, de 18 classes diferentes de cobertura e uso do solo, como florestas, savanas, manguezais, áreas agrícolas, áreas urbanas, mineração e geleiras, dentro dos 8,4 milhões de quilômetros quadrados da região amazônica, que inclui a Cordilheira dos Andes, a planície amazônica e as transições com o Cerrado e o Pantanal.

 

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