Outdoor: líderes de um clã cuja ascensão na política de Roraima é turbinada pela eficiente máquina eleitoral da Igreja Universal, controladora do partido Republicanos Reprodução/VEJA

A Revista Veja, na coluna de José Casado, traz na edição online desta sexta-feira (21) um artigo intitulado “Votos e Segredos”, onde o jornalista traz a tona os bastidores da campanha política de Jhonatan de Jesus (Republicanos), deputado reeleito mais votado em Roraima e filho do senador Mecias de Jesus (Republicanos).

Nele, o jornalista alerta para a as artimanhas políticas que ocorridas durante o período pré-eleitoral, e ainda sobre as emendas que os parlamentares dispuseram para alcançar os resultados no pleito de 2022.

Leia o trecho:

O aviso em letras amarelas reluzia sobre o fundo azul-escuro do outdoor: “Esta obra está sendo realizada com emendas dos parlamentares deputado federal Jhonatan de Jesus (e) senador Mecias de Jesus”.

A imagem que ladeava o texto havia sido distorcida para deixar o filho Jesus, deputado federal, mais destacado que o pai Jesus, senador. São líderes de um clã cuja ascensão na política de Roraima é turbinada pela eficiente máquina eleitoral da Igreja Universal, controladora do partido Republicanos.

Por trás da placa restou um buraco, margeado pelo mato em crescimento. A Justiça Eleitoral mandou remover a propaganda. “Enaltecimento pessoal”, definiu. No cartaz não havia uma única informação sobre a obra nem sobre o dinheiro público enterrado naquele trecho de barro de Caroebe, município a cinco horas de viagem de Boa Vista.

Esse aglomerado de 11.000 pessoas é uma das frentes da disputa religiosa na Amazônia, onde o evangelismo pentecostal tenta vencer o catolicismo. Ali, o partido da Universal coletou 75% dos 5.000 votos disponíveis para Jair Bolsonaro, e garantiu ao deputado Jesus votação igual à de Lula.

Ele chega ao quarto mandato a bordo de 20.000 votos, o equivalente a 6% do total, numa das campanhas mais caras do país, abastecida com recursos públicos do Fundo Eleitoral e do orçamento secreto, ou paralelo — mecanismo de repasse de recursos, sem transparência, adotado no governo Bolsonaro para atender a parlamentares.

Cada voto de Jesus em Roraima custou mais de 63 salários mínimos. Ele gastou 7 700 reais por eleitor. É sete vezes mais que a renda média da população do estado.

Jesus recebeu 154 milhões de reais em emendas orçamentárias, além de 1,5 milhão de reais do partido. Isso equivale a 15% da arrecadação anual de Roraima e a 25% da receita da prefeitura de Boa Vista.

 

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