Vários veículos pesados estavam em cima da ponte no momento do primeiro desabamento (Foto: Junio Matos).

O desabamento da ponte, no quilômetro 25 da BR-319, estrada que liga as cidades de Manaus (AM) a Porto Velho (RO), é uma das principais notícias desta quarta-feira, 28. Desde que foi inaugurada em 1976, a rodovia é envolta de polêmicas e alvo de promessas não concretizadas, como o conhecido trecho do meio, região considerada mais crítica da estrada.

Uma das promessas foi a do presidente da República Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão, ao assegurar, no início do mandato, que o trecho do meio (com 405 quilômetros de extensão entre o quilômetro 250 e 655) seria reestabelecido e a rodovia ficaria pronta para ligar a Zona Franca de Manaus aos mercados do Sul e do Sudeste. Atualmente, a estrada continua em situação semelhante ao que estava há 4 anos, sem atribuição orçamentária.

Em uma das visitas de Bolsonaro a Manaus, em 2019, o presidente, em reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), comentou sobre o asfaltamento da via sem dar prazos ou detalhes sobre o projeto.

“Conseguimos montar um gabinete em Brasília voltado para o viés técnico. Hoje, nossos ministros conversam entre si. E só por causa desse entendimento nós podemos, sim, mais que sonhar: termos a certeza de que a nossa BR-319 será asfaltada”, disse o presidente.

O ex-ministro da infraestrutura Tarcísio de Freitas, enquanto representava a pasta, também se pronunciava sobre a pauta. Em setembro de 2020, por exemplo, Tarcísio reforçou o compromisso assumido pela gestão Bolsonaro de revitalizar a rodovia.

“O governo do presidente Bolsonaro é um governo que cumpre promessa e compromisso. Durante a campanha, ele prometeu dar uma solução para a BR-319 (…) Vamos oferecer para essa rodovia o que temos de melhor, vamos ter um bom projeto de pavimento mantendo a capacidade e adstritos aos contornos das decisões judiciais e os termos de ajustes de conduta que foi firmado com o Ibama em 2007“, declarou o então ministro.

Em março de 2020, o vice-presidente da República e presidente do Conselho da Amazônia, general Hamilton Mourão, afirmou, durante a participação em uma palestra na Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), que “comeria a boina se a BR-319 não fosse asfaltada” pelo Governo Bolsonaro.

Riscos
Dividida em quatro trechos, A, B, C e o trecho do meio, a BR-319 já passou por outras intercorrências. Há um ano, várias crateras se abriram e interditaram a rodovia federal. As rachaduras surgiram após uma erosão causada por fortes chuvas na região, causando o desabamento da pista.

Em agosto do ano passado, outra cratera se abriu quando o asfalto cedeu na altura do quilômetro 29, interrompendo o trânsito para os municípios de Careiro da Várzea e Manaquiri, no interior do Amazonas.

Licença prévia ambiental do “trecho do meião”
O trecho de 405 quilômetros da BR-319, conhecido como “trecho do meião”, recebeu, no dia 28 de julho deste ano, a licença prévia ambiental para as obras de reconstrução e pavimentação. Emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o documento aprova os estudos e a viabilidade ambiental das obras.

O próximo passo é a licença de instalação, que permitirá a contratação da obra, de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados pelo Ibama.

Sobre a BR-319
Inaugurada no ano de 1976, a BR-319 tem quase 900 quilômetros de extensão, sendo a única ligação de Manaus com o restante do País via Porto Velho. A rodovia foi entregue asfaltada, mas a falta de manutenção causa a perda de pavimento ao ponto de se tornar intransitável durante as décadas de 1980 e 1990. A demanda antiga promove um debate entre os que defendem que a obra possibilita o desenvolvimento da região e os que afirmam que ela traz grandes impactos negativos para o meio ambiente.

 

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