O ator José Dumont, de 72 anos, preso na última quinta-feira (15) em flagrante, por armazenamento de pornografia infantil, também está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro pelo crime de estupro de vulnerável. O inquérito contra o ator foi aberto depois que imagens de uma câmera de segurança o flagrarem beijando e aliciando um garoto de 12 anos de idade.
Segundo o delegado Marcello Braga Maia, Dumont usou de seus mais de 40 anos de carreira e “atraiu a atenção de um adolescente de 12 anos, que era fã do investigado, e desenvolveu um relacionamento próximo oferecendo ajuda financeira e presentes, valendo-se da vulnerabilidade financeira da vítima, para a partir daí fazer investidas com beijos na boca e carícias íntimas que acabaram sendo captadas por câmeras de vigilância.”
Ator da primeira versão de “Pantanal”, José Dumont nasceu no dia 1º de agosto de 1950, em Bananeiras, Paraíba. Filho de Severino do Monte, o sobrenome se tornou Dumont por causa de um erro no cartório.
Ainda criança, aprendeu a ler com literatura de cordel para poder ler para seus avós, que gostavam do estilo de história. Como era de família pobre, José Dumont conta que passou por dificuldades quando era criança. A família era de agricultores e morava de favor na terra dos outros. No período, passava fome.
Quando jovem, saiu do Nordeste para tentar a vida em Santos, litoral de São Paulo. A intenção era trabalhar na Marinha Mercante, mas não conseguiu. Dumont então se mudou para a capital paulista, onde trabalhou como carteiro. Na cidade, se aproximou de um grupo de atores e se interessou pelas artes. A vida de artista começou quando fez um teste para uma peça de teatro e foi aceito.
Em 1977, ele teve a sua estreia no cinema ao viver Severino em “Morte e Vida Severina”. A obra também foi a primeira a contar com Dumont na televisão, na Rede Globo. Em 1980, ele interpretou “Ceará em Gaijin – Os Caminhos da Liberdade” e ganhou o Kikito de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pelo Festival de Gramado.
Ele ganhou mais duas vezes o prêmio, uma vez por “O homem que virou suco” (1981) e a outra por “O baiano fantasma” (1984).
José Dumont também esteve em nos filmes “Tudo Bem” (1978), “Lampião e Maria Bonita” (1982), “Os Trapalhões e o Mágico de Oroz” (1984), “Memórias do Cárcere” (1984) e “A Hora da Estrela” (1985), “Abril despedaçado” (2001), “Maria – Mãe do Filho de Deus” (2003), “Olga” (2004) e “2 Filhos de Francisco” (2005).
Já nas novelas, ele atuou na primeira versão de “Pantanal” (1990) e também em “Corpo a Corpo” (1984), “America” (2005), “Os Mutantes: Caminhos do Coração” (2008), “I Love Paraisópolis” (2015), “Velho Chico” (2016) e “Nos Tempos do Imperador” (2021).
Recentemente, José Dumont esteve na série Netflix “Cidade Invisivel”, e também em séries da Globo, como “Sob Pressão”, “Segunda Chamada” e “Onde Nascem os Fortes”.
Seu próximo trabalho seria a novela “Todas as Flores”, do Globoplay, plataforma de streaming da TV Globo. No entanto, a emissora carioca informou a Splash que o artista foi retirado do elenco e que Dumont tinha contrato por obra para atuar no projeto. Entretanto, a direção do canal tomou a decisão de tirá-lo em razão da prisão em flagrante por não “tolerar comportamento abusivo e criminoso”.
“O ator José Dumont estava contratado como obra certa especificamente para a novela “Todas as Flores”, a ser exibida no Globoplay. Diante dos fatos noticiados, a Globo tomou a decisão de retirá-lo da novela. A suspeição de pedofilia é grave. Nenhum comportamento abusivo e criminoso é tolerado pela empresa, ainda que ocorra na vida pessoal dos contratados e de terceiros que com ela tenham qualquer relação.”