Foto: Ministerio de Cultura de la Nación

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sofreu um atentado em frente à sua casa em Buenos Aires, por volta das 21h de quinta-feira (1º).

De acordo com a Polícia Federal Argentina, um homem brasileiro, identificado como Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, foi detido. Ele é apontado pela polícia como o autor da tentativa de disparo.

Vídeos das pessoas que estavam na aglomeração ao redor da vice-presidente flagraram o momento em que um homem aponta a arma para a cabeça de Cristina e atira. Ela chega a levar as mãos para a cabeça, mas a arma falhou.

Segundo o presidente da Argentina Alberto Fernández, a pistola .380, tinha cinco projéteis e não disparou apesar de ter sido acionada.

Centenas de pessoas se reuniram próximo da casa de Cristina para demonstrar apoio. A vice-presidente está em meio a um julgamento por corrupção.

Suspeito

Fernando André Sabag Montiel é brasileiro. Seu pai é chileno e a mãe argentina, de acordo com a polícia local.

O diretor da Agência Federal de Inteligência, em entrevista à Televisión Pública, afirmou que as forças policiais tentam solucionar o caso o mais rápido possível.

“Estamos colaborando para esclarecer o mais rapidamente isso e ver a totalidade do acontecimento, em que tentaram assassinar a vice-presidenta Cristina Kirchner. É um desastre, estamos tentando dar conta de entender o significado deste ato que tem tanta transcendência, que vai impactar em todo o cenário político argentino”, afirmou.

Pai do homem suspeito do atentado, o chileno Fernando Ernesto Montiel Araya foi alvo de um inquérito para expulsão do Brasil em 2020. O processo aconteceu em virtude da “existência de sentença penal condenatória proferida pela Justiça Pública em seu desfavor”, segundo a Polícia Federal do Brasil.

Repercussão

O presidente argentino declarou feriado nacional em solidariedade à Kirchner. Fernández ainda disse que o ataque “merece o mais enérgico repúdio de toda a sociedade argentina. De todos os setores políticos. De todos os homens e mulheres da república, porque esses fatos afetam nossa democracia”.

O ministro da Economia do país, Sergio Massa, em seu perfil no Twitter chamou o incidente de “tentativa de assassinato”.

“Quando o ódio e a violência prevalecem sobre o debate, as sociedades são destruídas e situações como estas surgem: tentativa de assassinato”, disse o ministro.

À CNN, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) comentou a tentativa de atentado.

“Eu lamento. É um risco que quase todo mundo corre. Eu quase morri em 2018. Não vi a esquerda se preocupando comigo, mas tudo bem. Apesar de eu não ter nenhuma simpatia por ela, não desejo isso para ela. Nós temos coração, nós queremos o bem. Lamento o ocorrido. Espero que a apuração seja feita para ver se saiu da cabeça dele ou de alguém, porventura, tivesse contratado ele para fazer aquilo”, disse Bolsonaro durante agenda na 45ª Expointer, em Esteio, região metropolitana do Rio Grande do Sul.

Os candidatos à Presidência prestaram solidariedade à vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Nas redes sociais, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Sofia Manzano (PCB) e Leonardo Péricles (UP) se solidarizaram com a vice-presidente argentina.

A CNN pediu às campanhas de Pablo Marçal (Pros), Felipe D’Avila (Novo), Vera Lúcia (PSTU) e Eymael (DC), que não se manifestaram ainda sobre o incidente, um posicionamento sobre o atentado, e aguarda resposta.

Autoridades se manifestaram publicamente

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales afirmou, por meio de uma publicação no Twitter, que condena a “tentativa covarde de assassinato” contra a vice-presidente argentina.

“Condenamos a tentativa covarde de assassinato contra nossa irmã @CFKArgentina. Toda nossa solidariedade ao vice-presidente. A Grande Pátria está com você irmã. O direito criminoso e servil ao imperialismo não passará. O povo livre e digno da #Argentina vai derrotá-lo”, escreveu Morales.

Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, publicou: “Meu absoluto repúdio ao ataque sofrido por Cristina Kirchner, que felizmente não teve consequências para a vice-presidente. Este facto gravíssimo exige um esclarecimento imediato e profundo por parte do sistema de justiça e das forças de segurança”.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o país repudia veemente o ato.

“Enviamos nossa solidariedade à Vice-Presidente @CFKAArgentina ante o atentado contra sua vida. Repudiamos veementemente esta ação que busca desestabilizar a paz do irmão povo argentino. A Grande Pátria está com você companheira! #ForceArgentina #ForceCristina”, tweetou Maduro.

Mónica Fein, presidente do Partido Socialista da Argentina, também utilizou o Twitter para repudiar o ato.

“Minha solidariedade com @CFKAArgentina ante o ataque que sofreu. Repudiamos este grave fato e exigimos seu esclarecimento”, publicou Fein.

O ministro da Economia do país, Sergio Massa, chamou o incidente de “tentativa de assassinato”.

“Quando o ódio e a violência prevalecem sobre o debate, as sociedades são destruídas e situações como estas surgem: tentativa de assassinato”, disse o ministro em um tuíte.

Miguel Díaz-Canel Bermúdez, presidente de Cuba, também prestou solidariedade à Cirstina Kirchner após o atentado.

“De #Cuba, consternado com a tentativa de assassinato de @CFKAArgentina, transferimos toda nossa solidariedade ao vice-presidente, ao governo e ao povo argentino. #TodosConCristina #ForzaCristina”, escreveu Bermúdez.

Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, afirmou que ato representa um dos piores episódios da história da Argentina.

“Acabamos de vivenciar um dos piores episódios de nossa história com a tentativa de assassinato de @CFKAArgentina. Aqueles que insistem em perseguir, incitar a violência e até pedir a pena de morte devem parar agora. Você não pode continuar a promover o ódio e a violência”, disse o governador.

Sobre Cristina Kirchner

Antes de ser eleita na chapa de Alberto Fernández como vice-presidente, em outubro de 2019, Cristina Kirchner governou o país entre 2007 e 2015. Seu marido, Néstor Kirchner, de quem herdou o sobrenome, foi seu antecessor no cargo.

A vice-presidente argentina é um expoente do “kirchnerismo”, movimento político argentino baseado em ideias populistas de esquerda.

Formação e vida pessoal

Cristina Fernández nasceu em 19 de fevereiro de 1953, em Buenos Aires, capital argentina. Ela cursou direito na Universidade Nacional de La Plata, onde começou sua militância política na Juventude Universitária Peronista.

Na Universidade, Cristina conheceu Néstor Kirchner, com quem viria a se casar em 1975. Juntos, eles tiveram dois filhos, Máximo e Florência.

Cristina e Néstor moraram juntos na província de Santa Cruz até 1976, onde atuaram como advogados. Durante a ditadura militar argentina, o casal foi perseguido.

Carreira política

Em 1989, Cristina foi eleita deputada da província de Santa Cruz. Ela foi reeleita ao cargo em 1993.

A então deputada disputou e foi eleita ao Senado em 1995, voltou à Câmara em 1997 e se elegeu ao Senado mais uma vez em 2001.

Como parlamentar, Cristina ficou conhecida pela defesa dos direitos humanos e de políticas de diminuição de desigualdades.

Em 2003, Néstor foi eleito presidente da Argentina, e Cristina se tornou a primeira-dama do país. Enquanto seu marido governava o país, ela decidiu voltar ao Senado, em 2005.

Ao fim de seu mandato como presidente, Néstor abriu mão de tentar a reeleição, abrindo espaço para que sua esposa concorresse ao cargo.

Governo Cristina Kirchner

Cristina Kirchner foi eleita presidente da Argentina em 2007. Seu marido continuou como uma pessoa influente na Presidência, sobretudo na área econômica.

O governo de Cristina Kirchner foi marcado pelo crescimento econômico, pelo aumento dos gastos públicos e pela introdução de mecanismos de distribuição de renda. No período, a Argentina cresceu em média 7,9% ao ano.

Com Cristina na Presidência, os argentinos estreitaram seus laços com o Mercosul. Ela manteve uma boa relação com o Brasil, governado no período por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e depois por Dilma Rousseff.

O governo Cristina Kirchner também foi marcado por suspeitas de corrupção, acusações de tentar restringir a liberdade de imprensa e de obstruir investigações. A vice-presidente.

Em dezembro de 2011, exames de rotina detectaram um suposto câncer na tireoide de Cristina. Ela precisou se submeter a uma cirurgia para retirar.

Ao fim do seu segundo mandato, em 2015, Cristina não havia lançou Daniel Scioli como candidato, que foi derrotado por Mauricio Macri.

Vice-presidente

Ao deixar o comando do país, Cristina decidiu se manter na política. Em 2017, foi eleita ao Senado mais uma vez, com o objetivo oposição a Macri.

Em 2019, Alberto Fernández e Cristina Kirchner lançaram uma chapa para as eleições presidenciais, reunindo diversos setores da esquerda argentina. A eleição terminou no primeiro turno, com a vitória de Fernández e Cristina.

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