Foto: CIBiogás

Transformando literalmente lixo, dejetos, efluentes e esgoto em combustível via biodigestão anaeróbia, o biogás é uma tecnologia renovável em crescente ascensão. Marcado pelo seu caráter descentralizado, esse bicombustível é um importante aliado da transição energética sustentável em função da redução de emissões de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) e da flexibilidade tecnológica e processual para sua fabricação.

Essa energia é defendida pelos especialistas André Andriw e Marcos Cintra, neste artigo publicado na Agência EPBR, especializada em política energética.

No Brasil, o biogás é uma tecnologia em processo de afirmação, com capacidade de geração de 417 MW. O número de plantas subiu de 653, em 2020, para 755 em 2021, segundo  levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás. O crescimento, de 16%, é concentrado no eixo Sul-Sudeste-Centro-Oeste, embora Norte e Nordeste tenham bom potencial e projetos pioneiros, como a usina a gás no Aterro Sanitário de Manaus, de 10 MW.

Roraima 

Para os especialistas, Roraima, cuja limitação energética atrapalha seu desenvolvimento – único estado desconectado do Sistema Interligado Nacional (SIN) –, tem, no fortalecimento do agronegócio, potencial de 318 Mm³ a partir do beneficiamento da proteína animal e 6,5 milhões Mm³ na produção agrícola.

A entrada em operação da UTE Jaguatirica II, da Eneva, proporcionou energia confiável à capital, mas ainda há usinas a diesel a serem substituídas no interior de Roraima. Nesse sentido, a descentralização, característica do biogás, facilita sua inserção em regiões produtoras de proteína animal e agricultura.

Esse movimento aperfeiçoaria as relações socioeconômicas no espaço rural, gerando empregos de melhor qualidade, auxiliando na fixação das famílias na região e mitigando riscos socioambientais.

Há tempos sucateados pela ausência de uma política fundamentada na segurança jurídica e no aperfeiçoamento tecnológico, os sistemas isolados têm sido incapazes de absorver soluções mais sustentáveis e substituir integralmente o conjunto de termelétricas, majoritariamente a diesel, que fornecem energia aos seus consumidores.

Uma das razões foi a demora na introdução das fontes renováveis em leilões de geração nos sistemas isolados.

Embora a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontasse o potencial energético renovável da Amazônia, só a partir da falência do sistema elétrico de Roraima, em decorrência da crise venezuelana, o Ministério de Minas e Energia (MME) permitiu, em 2018, soluções alternativas ao diesel, capazes de reduzir emissões e a Conta de Consumo de Combustível (CCC).

A CCC, na casa de R$ 7 bilhões anuais, é paga por todos os consumidores brasileiros e representa um subsídio ao diesel, o que prejudica a competitividade de tecnologias emergentes, como biogás e biometano.

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