Desde março de 2020 o Brasil não possui mais nenhuma representação diplomática na Venezuela e nem sinais que possam indicar a retomada de uma relação do Executivo brasileiro com a chancelaria do país vizinho. Aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, o senador Chico Rodrigues (União-RR), no entanto, tomou para si a missão de tentar aproximar, via Congresso, o governo brasileiro de aliados do ditador Nicolás Maduro, figura de proa nos discursos bolsonaristas contra um suposto avanço comunista na América do Sul. Rodrigues ficou conhecido no noticiário político após ter sido flagrado com cerca de 30 mil reais dinheiro escondido nas roupas íntimas durante uma batida da Polícia Federal, que investigava suspeita de desvio de dinheiro público em Roraima.
Oficialmente, o político justificou a “missão Venezuela”, que durou uma semana e se encerrou nesta terça-feira 21, como uma retribuição à “cortesia” de congressistas do país vizinho, que em maio realizaram reuniões de trabalho no Congresso. Na época, a comitiva venezuelana incluía uma parlamentar aliada de Maduro e alvo de sanções internacionais por corrupção e violação de direitos humanos.
“O presidente da República e o Ministério das Relações Exteriores ditam a política externa. Nós estamos apenas aproveitando um canal de diálogo para fazer diplomacia”, justifica Rodrigues, que aponta que somente o estado de Roraima comercializa 2.500 mil carretas mensais de alimentos ao país vizinho. As exportações brasileiras à Venezuela chegaram ao ápice entre 2014 e 2015, com cerca de 5 bilhões de dólares por ano – hoje não passam de 300 milhões.
O Brasil é hoje, ao lado da Colômbia, o único país sul-americano que não mantém relações diplomáticas com Maduro. Tampouco dá suporte ao contingente de cerca de 20.000 brasileiros residentes no país. A partir de agosto, porém, Bolsonaro estará sozinho na região. É que o primeiro presidente colombiano de esquerda, Gustavo Petro, eleito no domingo, 21, prometeu ainda na campanha retomar contato formal com o Palácio Miraflores.