Foto: Observatório do Clima

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou, em maio, o maior número de queimadas na Amazônia em 18 anos. Foram 2.287 focos, 96% a mais do que o observado no mesmo período de 2021 (1.166). No Cerrado também se verificou o avanço da destruição: aumento de 35%, com 3.578 incêndios — total mais alto de toda a série histórica, cuja medição começou em 1998.

Até o momento, os focos de calor somam 4.971 em 2022, avanço de 22% na comparação com os primeiros cinco meses de 2021. O grave é que a chamada “temporada de queimadas” nem mesmo começou — ocorre entre julho e outubro, com pico em agosto e setembro, quando o clima está mais seco.

“O aumento do desmatamento representa o aumento do fogo. Quando a gente olha a distribuição dos focos de calor, a gente vê que o estado que mais houve aumento foi o Amazonas. É lá onde a grilagem tem avançado”, afirmou.

Segundo o levantamento do Ipam, o desflorestamento da Amazônia cresceu 56,6% no período do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). A proximidade com as eleições, aliás, é um fator de preocupação, conforme explica Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo. Ela salienta que por não saber qual será o resultado na corrida ao Palácio do Planalto, quem desmata quer aproveitar a falta de fiscalização — e as queimadas podem se intensificar.

“A insegurança na mudança de todo o discurso que tem sido feito sobre o que ocorre na Amazônia pode fazer com que as pessoas acabem desmatando e queimando mais. Eles querem aproveitar”, explicou Ane Alencar.

 

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