Foto: Divulgação

A pesquisa Ipespe divulgada nessa sexta-feira (27) revelou que sete em cada dez brasileiros já escolheram seu candidato para as eleições deste ano. O número subiu 24 pontos percentuais em relação a outubro do ano passado.

Trata-se de um fato inédito na história para esse período da disputa, quando a campanha ainda nem começou oficialmente.

Para Glauco Peres, cientista político e professor da Universidade de São Paulo (USP), o fato acontece “num contexto em que a campanha vai ser mais curta e começando mais tarde. Isso também dificulta a mudança. O eleitor vai ouvir menos falar de nomes alternativos.”

“Se fica entre Lula e Bolsonaro, um contingente expressivo de pessoas não gosta de nenhum dos dois e não consegue vislumbrar quem seria a pessoa a votar para não perder o voto. Esses candidatos têm dificuldade de surgir porque é uma campanha curta. Favorece a manutenção dos nomes já conhecidos do eleitor”, continuou.

A cada nova pesquisa, os números evoluem em direção à total polarização na disputa presidencial e as chances de um terceiro candidato se colocar de forma competitiva diminuem.

Hoje, as candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) somadas concentram quase 80% das intenções de voto. Enquanto a soma de todos os outros candidatos abarca apenas 16% do eleitorado.

Entra nessa conta ainda o chamado “voto útil”, que costuma ser detectado na reta final das campanhas, especialmente se a diferença para resolver a disputa for pequena.

“Um ano atrás, todos os demais candidatos, Ciro [Gomes] e os demais, somados, totalizavam 30 pontos percentuais. Seis meses depois, em novembro passado, esse número recuou para 24%, e agora, nessa última pesquisa, soma apenas 16%”, explica Antonio Lavareda, diretor do Ipespe.

“Isso mostra que a eleição vai assistindo um processo de consolidação da preferência dos eleitores e deixando cada vez um espaço mais restrito para um espaço do que se convencionou chamar de terceira via.”

De acordo com o responsável pela pesquisa Ipespe, os números cada vez mais cristalizados apontam para uma possível decisão já em primeiro turno, principalmente na amostragem espontânea, que é quando os entrevistados respondem quais são suas preferências sem que nenhum nome lhes seja apresentado.

“A questão espontânea é até mais importante. Porque imagina que o eleitor responde em quem votaria se a eleição presidencial fosse hoje sem nenhum estímulo, sem ser apresentada uma lista ou qualquer coisa”, expõe Lavareda.

“Então, a possibilidade de a eleição ser resolvida em dois de outubro – não é certo ainda – mas cada vez ela vai adquirindo maior probabilidade de ocorrência.”

Isso será reforçado pelo caráter plebiscitário que os dois candidatos que lideram a disputa, Lula e Bolsonaro, buscam imprimir em seus discursos para se diferenciar do rival.

“O que parece que está acontecendo é quase um plebiscito, sim ou não. Você vota no Bolsonaro ou na única alternativa viável do ponto de vista eleitoral que parece ser o PT. De fato é uma eleição sui generis”, reforça Glauco Peres.

“E o acirramento recente, no passado político do país, com essas disputas intensas, em torno da política em geral, quando do combate ao PT e a corrupção e a oposição a Bolsonaro, fazem com que esses nomes estejam muito presentes o tempo todo. A característica de uma eleição permanente valeu no Brasil nesses últimos quatro anos e esses dois nomes eram os nomes que apareciam o tempo todo”, finaliza Peres.

1 comentário

  1. – Esse instituto, IPESP, não merece qualquer credibilidade, posto que apenas mudou de nome (antes era IBOPE), useiro e vezeiro da prática de fraudes, manipulando o resultado das pesquisas para beneficiar quem as encomendava ou lhe pagava para tal. Basta que relembremos que, juntamente com outro instituto igualmente desacreditado, errou todas as previsões nos dois últimos pleitos. Tão desacreditado ficou que mudou de nome intentando, mais uma vez, iludir e enganar os cidadãos. Spo não entendemos como a Justiça(?) permite isso.

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