Pouco mais de 1,4 mil famílias em Roraima que tinham perfil para receber o Auxilio Brasil não possuíam acesso de fato ao beneficio em fevereiro deste ano. Em todo o Brasil, a chamada demanda reprimida era de 1,05 milhão de famílias, mais do que as 434,4 mil registradas em janeiro. Em relação a alguns períodos do segundo semestre de 2021, no entanto, houve queda. Em julho e agosto do ano passado, levando em conta também o Bolsa Família, a demanda reprimida era de 2,4 milhões e 3,2 milhões de famílias respectivamente.
Em termos absolutos, São Paulo, com quase 90,8 mil famílias é o estado que possui a maior demanda reprimida, seguido pelo Rio de Janeiro, com pouco mais de 40 mil famílias. Os dados fazem parte de levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) antecipado ao Valor. Em janeiro, as 434 mil famílias que representavam a demanda reprimida equivaliam a aproximadamente 2.4% daquelas que tinham direito ao benefício.
“Se considerarmos novamente as famílias beneficiárias e a demanda reprimida, o ideal era que, em janeiro de 2022, o programa realizasse a transferência de renda para mais de 18 milhões de famílias”, diz a CNM. O levantamento foi feito com base no Cecad, ferramenta que concentra dados sobre o Cadastro Único, e tem informações completas de três meses: julho e novembro de 2021 e janeiro deste ano. Para fevereiro deste ano, a entidade possui apenas o número bruto.
“Acompanhamos esses programas há anos e notamos, do início de 2022 para cá, um aumento expressivo nos números de famílias aguardando para receber o Auxílio Brasil”, diz o presidente da CNM, Paulo Ziuloski, destacando que os municípios são os responsáveis pelos cadastros das famílias. A entidade destaca que em outros anos, a principal causa da demanda reprimida era orçamentária, mas que agora não parece ser esse o problema. De 2019 para 2022, o orçamento previsto para os dois programas foi de RS 32,5 bilhões para RS89,8 bilhões.
De qualquer maneira, a entidade ainda não tem um diagnóstico claro de quais podem ser os motivos para as amplas variações da demanda reprimida nos meses analisados. Mesmo assim levanta algumas hipóteses. Uma delas é a ampliação da faixa etária da cobertura do Auxilio Brasil, que permite que famílias com jovens de até 21 anos incompletos recebam o benefício, contra 17 anos no Bolsa Família.
Outra são as linhas de extrema pobreza e pobreza estabelecidas para os programas. No primeiro caso, o limite superior passou de RS 100 para RS 105. No segundo caso, o intervalo, que era de RS 100,01 a RS 200, foi estabelecido entre RS 105,01 a RS210. Mesmo assim, a CNM destaca alguns pontos que considera que precisam ser estudados, entre os quais está a exclusão de famílias do Cadastro Único em novembro de 2021. Isso aconteceu em um momento cm que houve a migração do Bolsa Família pura o Auxilio Brasil e em que, pra causa da pandemia, estava suspensa a averiguação cadastral (que verifica se as famílias estão danando intervalo de renda necessário, por exemplo).