A Polícia Federal (PF) informou, nesta quinta-feira (28/4), não ter encontrado indícios de “homicídio e estupro ou de óbito por afogamento” relacionados ao caso da menina yanomami de 12 anos que teria sido morta depois de ser estuprada por garimpeiros em Roraima.
Em operação conjunta com o Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), agentes da PF realizaram “extensas diligências” na aldeia Arakaça, na região do Waikás.
Os investigadores contaram com apoio do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB) para chegarem ao local. A operação foi realizada para “averiguar relatos de eventuais crimes dos quais teriam sido vítimas mulheres e crianças indígenas da localidade, conforme narrado em ofício encaminhado pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena”, informa nota conjunta.
“As equipes, portanto, ainda estão em diligência em busca de maiores esclarecimentos. As instituições reafirmam o comprometimento no cumprimento de suas atribuições e ressalta que todas as denúncias recebidas são devidamente apuradas”, relata o posicionamento.
O caso alcançou grande repercussão após ser divulgado pelo líder indígena e presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana, Júnior Hekurari Yanomami. “Os garimpeiros a violentaram, estupraram, e isso ocasionou o óbito. O corpo da adolescente está na comunidade”, contou, em vídeo.
Ele também afirmou que o corpo da criança estaria desaparecido dentro do rio Uraricoera, e que iria até a comunidade para resgatar o cadáver e encaminhá-lo ao Instituto Médico Legal (IML).
“Comunico às autoridades, ao Ministério Público Federal, Polícia Federal, Exército. E amanhã também irei à comunidade buscar o corpo de uma mulher, uma adolescente, que os garimpeiros ocasionaram o óbito por violência. Estou muito triste que está acontecendo isso com meu povo”, disse.
Durante sessão nesta quinta (28), a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia fez um apelo para que a morte da adolescente não fique impune.
“A violência e a barbárie contra indígenas ocorrem há 500 anos. A civilização tem um significado apenas para um grupo de homens. O Poder Judiciário atua sobre provocação. O cidadão atua pela dor. Essa perversidade não pode permanecer como estatísticas, fatos da vida, notícias”, disse.