Foto: Lohana Chaves

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira (12) no Acampamento Terra Livre (ATL) apoio de várias lideranças indígenas. A 18º edição do ATL é realizada até o dia 14 de abril em Brasília e traz como mote ‘Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política’, além da participação de Lula – que visita o acampamento.

Ao discursar hoje no mesmo palco de Lula, a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), primeira indígena na Câmara, criticou a política do governo Bolsonaro contra os povos indígenas.

“Lula, nunca tivemos tantos problemas. A demarcação é ponto vital dos povos indígenas e nesses três últimos anos estão ‘tratorando’ nossos direitos no Congresso Nacional. Passaram o PL da destruição e o PL do veneno; estão colocando veneno na mesa dos brasileiros. Fizeram a regularização de grilagem de terra e estamos desprotegidos. Lula, [eles, governo] não protegem mais as terras indígenas”.

Joenia chamou atenção para o descaso com esta população e denunciou que o garimpo está matando crianças. “É uma vergonha para esse pais, existe a omissão, mulheres sendo vitimas de abuso sexual”.

Antes de Joenia, outras lideranças do movimento indígena passaram pelo mesmo palco.

“A política indigenista brasileira foi destruída. Precisamos dialogar com esse governo retomando a agenda de terras indígenas neste Brasil. São mais de 50% de terras indígenas aguardando segurança. Não ao pacote da destruição, à mineração, ao agronegócio que mata. O garimpo mata e desmata. Precisamos contar com você [Lula] para voltar e retomar esse pais”, disse um dos líderes.

“A demarcação dos território é importante, não apenas na defesa da terra, mas para mostrar para a sociedade brasileira a importância de se cuidar dela. Tiraram as terras dos povos indigenas no Estado do Mato Grosso do Sul”, discursou um líder da etnia guarani-kaiowá.

Acampamento Terra Livre

O Acampamento Terra Livre (ATL) é coordenado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e acontece na Funarte (Eixo Monumental). O evento é realizado no mesmo período em que o Congresso Nacional e o Governo Federal pautam a votação de projetos que violam os direitos dos povos indígenas como o Projeto de Lei 191/2020. O PL abre as terras indígenas para exploração em grande escala, como mineração, hidrelétricas e outros planos de infraestrutura.

“Estamos em um ano eleitoral e para iniciar nossa jornada de lutas declaramos o último ano do governo genocida de Jair Bolsonaro. Nosso Abril Indígena será marcado por ações simbólicas que mostrarão nossa capacidade na luta pela demarcação e aldeamento da política brasileira”, reforça Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib.

A Apib alerta para o julgamento do marco temporal que será retomado no Supremo Tribunal Federal (STF) no primeiro semestre do ano e para o pacote de destruições que compõe o PL 490/2007, que insiste no fim das demarcações e na revisão de terras indígenas. Bem como o PL 6.299/2002 – Agrotóxicos, PL 2.633/2020; o PL 510/2021 – Grilagem; e o PL 3.729/2004 – Licenciamento ambiental. Todos eles na lista de prioridades anunciada pelo Governo Federal.

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