Governador Antonio Denarium (PP) e presidente da ALE, Soldado Sampaio. Foto: Secom RR

Após a Justiça roraimense ter suspendido o injustificável decreto de calamidade pública que permite ao governo de Roraima comprar insumos para a pandemia de covid-19 sem licitação, caiu por terra a medida acordada entre o governador Antonio Denarium e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Soldado Sampaio. O Judiciário entendeu que não existem razões plausíveis para manter esse estado de calamidade se o que tem sido visto é a redução do número de casos, de internações e de mortes.

Além do obediente soldado, os demais 14 parlamentares que há um mês votaram sim e aplaudiram o acate de tal absurdo, deveriam envergonhar-se de menosprezar a inteligência de seu eleitorado. Aos senhores, o que foi prometido? Somente por conchavos muito bem amarrados é que se põe a cara à tapa de tal forma, defendendo bravamente uma teoria frágil e descartada pelos indicadores da própria Secretaria de Saúde do Estado em seus boletins diários.

Naquela sessão, apenas os deputados Dhiego Coelho e Nilton do Sindpol discordaram da falta de zelo para com o dinheiro público, que teve sua defesa alicerçada na justificativa de que “novas variantes poderiam vir a surgir e elevar os índices”. Na base do “caso aconteça”, os 15 deputados mantiveram a prorrogação de uma situação de absoluta fragilidade fiscal e também de transparência, diante de indicadores que mostraram um cenário de contenção da pandemia.

Estamos sob a tutela de um parlamento mal informado e de um governo tecnicamente mal amparado. Agora, um mês depois, Denarium pede a retirada das máscaras e Sampaio, mais uma vez, aplaude. Pedir a retirada do estado de calamidade sequer passou pela cabeça deles. Em mais um ato contraditório, de despreparo, os chefes dos dois Poderes não surpreendem a mais ninguém se tentarem recorrer da decisão, para tentar segurar a dispensa de licitação pelo menos até outubro dezembro.

E qual a diferença da compra sem licitação para a compra com licitação?

Simples. A licitação serve para que o governo pague o menor valor por algum item, produto ou serviço. Um tipo de “leilão” é aberto, o pregão, e ganha quem oferece o menor preço. O processo demora mais, porque são necessárias solidez e transparência nessa transação.  O modelo existe com a finalidade de evitar favorecimentos, indicações e más condutas com o dinheiro público.

Já sem licitação funciona mais ou menos assim: o governo vende para quem ele quiser, escolhe a empresa, é urgente, “Corre, corre! paga aí R$6,5 milhões por 30 respiradores e passa no pix”. E fica como está: quando a bomba explode, a culpa é do secretário que assinou. Ele que arque.

E Mecias, o ministro?

Bem que o Republicanos tentou mais um espacinho no governo federal, mas não teve jeito. O Senador Mecias de Jesus teve o nome lançado pelo diretório nacional da sigla para Bolsonaro, que refutou essa possibilidade de imediato. O rapaz é sonhador. Autoestima admirável.

Para tentar driblar a péssima repercussão do assunto, o senador mandou sua assessoria especial avisar que a notícia era fake news. A indicação chegou a ser concluída esta semana, no Planalto, e Bolsonaro desviou a conversa de Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, apontando sua predileção para nomes mais palpáveis, viáveis e confiáveis, como o de Victor Godoy, o interino da pasta.

E Genilson anda mexendo com o quê?

O presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, Genilson Costa, escolheu uma péssima hora para fazer uma declaração de amor para o governador Antonio Denarium. O vereador foi alvo esta semana de uma operação da Polícia Federal que o acusa de integrar uma quadrilha de traficantes de drogas. Tudo o que Denarium não estava precisando neste momento é ouvir de Genilson é que a operação da PF é uma farsa com fins eleitorais por causa de sua amizade e apoio político para com o governador. É o quê, homem? Creio que a Polícia Federal não se importe muito com o seu apoio nas eleições deste ano, vereador. É bom contratar um criminalista renomado.

E Jeferson que entrou no PTB bem novinho?

Treinando suas hipérboles para a campanha de 2022, o deputado Jeferson Alves, o quebra-correntes, disse que deixou o PTB após 25 anos de partido. Como ele tem 36 de idade, possivelmente então se filiou aos 11. Com essa idade deve ter concorrido a presidente de sala lá no Major Alcides.  Agora, Jeferson Alves disputará uma vaga à Câmara Federal pelo União Brasil, de Nicoletti e Chico Rodrigues. Só gente boa agora.

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