Indígenas da comunidade de Contão, em Pacaraima, vem ampliando a atividade agrícola na aldeia com o cultivo de melancia. Pelo menos 6 mil toneladas da fruta foram colhidas e comercializadas na última produção, trazendo auto sustento e retorno financeiro para as 300 famílias que atuam na iniciativa, que também conta com o plantio de feijão, milho e mandioca.
A presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiurr), Irisnaide de Souza, explica que o sistema é organizado por pólos de produção e que cada um deles conta com 30 hectares de terra, em média, pois depende do número de famílias incluídas. “Cada pólo de produção tem o trabalho ativo de 10 a 15 famílias, cerca de 1 mil pés de melancia são plantados por família. A Sodiurr, a Funai, a Secretaria do Índio do Estado de Roraima e a prefeitura de Pacaraima apoiam a agricultura familiar na região, através da entrega de adubo e insumos para a produção”, pontua Irisnaide.
A Sodiurr está cadastrada no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e trabalha em conjunto com as famílias, recebendo as produções e distribuindo também para outras comunidades que ainda não estão produzindo e vivem em áreas de difícil acesso. Os produtos também são comercializados por meio da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que reconhece os agricultores familiares como aptos para que possam participar do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar do Governo Federal.
Irisnaide afirma que o objetivo é ampliar os projetos agrícolas na região e iniciar o plantio de soja. “Queremos ampliar as atividades e para isso precisamos implantar sistemas de irrigação, aumentar a distribuição de insumos, entre outras importantes ações”, explica.
Contão é uma das maiores comunidades indígenas de Roraima, com cerca de 1.300 habitantes e faz parte da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Mais da metade da área é constituída por vegetação de cerrado, denominada regionalmente de “lavrado”. Cerca de 20 mil indígenas vivem na área, a maioria deles da etnia Macuxi. Entre os grupos menores, estão os Wapichana, Ingaricó, Taurepang e Patamona.
Etnodesenvolvimento
Nos últimos dois anos, a Funai já investiu aproximadamente R$ 30 milhões em projetos voltados à geração de renda nas aldeias, de forma responsável. Os recursos foram destinados para diversas ações que visam a autossuficiência dessas comunidades, como a aquisição de materiais de pesca, sementes, mudas, insumos, ferramentas, apoio para o escoamento da produção e realização de cursos de capacitação para os indígenas.
A Funai também adquiriu e entregou 40 tratores para fornecer apoio a atividades produtivas em diferentes aldeias no país. A intenção é garantir a segurança alimentar de diversas etnias e possibilitar que elas ampliem a produção, investindo em processos de geração de renda.
