Uma das razões para o desmatamento na Amazônia é a ampliação das fronteiras agropastoris. Fonte: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)

A Amazônia corre o risco de ver sua floresta tropical ser transformada savana (savanização). A transição gradual começa a aumentar em um nível entre 1,5°C e 3°C com um valor médio em 2°C.

Essa informação consta da segunda parte do 6º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) que foi apresentada no último dia 28 de fevereiro aos governos mundiais.

De acordo com o IPCC, os principais riscos à crise climática no Brasil e na América Latina incluem segurança hídrica, saúde devido a epidemias crescentes, degradação dos ecossistemas dos recifes de corais.

Os riscos para a segurança alimentar devido a secas frequentes ou extremas, danos à vida e à infraestrutura devido a inundações, deslizamentos de terra, elevação do nível do mar, tempestades e erosão costeira estão também na lista dos riscos da crise climática.

Ainda segundo o painel, os eventos de chuvas fortes, que resultam em inundações, deslizamentos de terra e secas, devem se intensificar bastante em magnitude e frequência.

Estima-se que o aquecimento de apenas 1,5°C resulte em um aumento de 100-200% no número da população afetada por inundações no Brasil, Colômbia e Argentina; 300% no Equador e 400% no Peru.

Situação de vulnerabilidade

Com foco em impactos, adaptação e vulnerabilidade, o relatório revela como graves já são os impactos das mudanças climáticas, especialmente para as populações que vivem em situação de vulnerabilidade.

Desde a divulgação do último relatório, os riscos climáticos estão aparecendo mais rápido e se tornarão mais graves mais cedo.

“O relatório do IPCC mostra que os impactos da crise do clima são irreversíveis. A população em situação de vulnerabilidade, que já sofre com o descaso de nossos governantes, será a mais impactada. É urgente que haja uma mudança rápida nas políticas públicas de adaptação no Brasil e no mundo, com orçamento adequado para perdas e danos das populações atingidas”, alerta Fabiana Alves, porta-voz de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.

Cientistas do mundo todo alertam:

• Os efeitos do aquecimento nos ecossistemas acontecerão mais rápido, são mais difundidos e com consequências de maior alcance do que o previsto;

• Não estamos preparados sequer para os impactos atuais, e isso está custando vidas.

• Mais aquecimento traz mais problemas. Limitar o aquecimento a 1,5°C reduziria substancialmente as perdas e danos projetados, mas as perdas já se tornaram irreversíveis.

• Devemos restaurar a natureza e proteger pelo menos 30% da Terra para que ela nos proteja.

• Esta é a década crítica para garantir um futuro habitável, equitativo e sustentável. É necessário que a mudança seja sistêmica e inclusiva.

Em abril, será divulgada a terceira parte do 6° relatório do IPCC, que avaliará formas de mitigar as mudanças climáticas. O relatório completo será divulgado em outubro.

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