Deputado Jalser Renier (SD). Foto: Arquivo/Jader Souza

O deputado Jalser Renier (SD) usou a tribuna durante a sessão plenária desta terça-feira (22), na Assembleia Legislativa de Roraima, para fazer um desabafo sobre o processo de cassação aberto pela Casa, após o parlamentar ser apontado como mandante do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos, em outubro de 2020.

“A quem interessa minha cassação?”, inciou o deputado. Jalser fez um levantamento de sua gestão à frente da presidência daquele Poder e acusou o atual presidente, Deputado Soldado Sampaio (PCdoB), de arquitetar a cassação para evitar que ele retome a presidência da Assembleia, após julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-presidente deixou o cargo por decisão judicial, em janeiro de 2021, porque fez uma manobra para se manter na presidência da Assembleia por 4 anos, sendo que cada eleição só pode ter dois anos. Jalser encontrou uma brecha no Regimento Interno da Assembleia que permitiu na época que ele fizesse duas eleições de uma vez só. Então, ao invés de um mandato de 2 anos, conseguiu um de 4. Isso ocorreu em outras Assembleias Legislativas do país, como na de Mato Grosso, por exemplo. Em alguns casos, presidentes retomaram seus mandatos, em outros, não.

O deputado Jalser Renier continuou a defender que era vítima de armação política e fez acusações também contra o governador Antonio Denarium (PP). “Agiota! nem os deputados aliados defendem sua agiotagem. Você nunca tomou casa de Luciano Castro emprestando dinheiro a juros”, ironizou.

O parlamentar disse sentir seus direitos de defesa cerceados e que suas 32 testemunhas sequer foram ouvidas pela Subcomissão de ética que analisa seu processo de cassação. Nesta terça-feira o relator, deputado Jorge Everton (sem partido), deve concluir o relatório a favor da cassação.

O atual presidente daquele Poder, Soldado Sampaio, não rebateu nenhuma das acusações do parlamentar durante a sessão.

O caso Romano 

O jornalista da TV Imperial, Romano dos Anjos, foi sequestrado em outubro de 2020, de sua residência e levado para uma área descampada na zona rural de Boa Vista. Lá Romano teve os braços quebrados e foi ameaçado. Após mais um ano de investigações, a Polícia Civil de Roraima concluiu que os executores do crime contra Romano foram militares lotados na presidência da Assembleia, na época em que Jalser era o presidente. Os militares estão presos. Jalser foi apontado como o mandante, chegou a ser preso, teve a prisão mantida pela Assembleia, mas foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça e continua respondendo em liberdade.

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