A refinaria baiana Mataripe, que foi privatizada no ano passado, importou a primeira carga de petróleo bruto da Guiana para o Brasil, de acordo com dados de rastreamento de petroleiros e uma fonte familiarizada com o negócio.
Desde que as exportações de petróleo da Guiana começaram há cerca de dois anos, a pequena nação sul-americana de menos de 800 mil habitantes está se tornando uma potência de petróleo e gás, após descobertas de mais de 10 bilhões de barris de recursos recuperáveis.
A importação pelo país vizinho, por sua vez, amplia a variedade de tipos de petróleo que o Brasil processa e reflete a ascensão de refinarias de petróleo independentes em meio à alienação dos ativos de refino da Petrobras (PETR4).
O petróleo, descarregado entre o final de janeiro e o início de fevereiro do navio-tanque Sonangol Portoamboim, foi vendido pela Exxon Mobil Corp em um contrato no mercado à vista (spot) para uma carga, segundo a fonte. A refinaria Mataripe (ex-Rlam), com capacidade para processar mais de 300.000 barris por dia no Brasil, é operada pela Acelen, do fundo Mubalada de Abu Dhabi. A Exxon e a Acelen se recusaram a comentar.
Diferentes tipos de petróleo brasileiros e guianenses competem em qualidade, com produtores de ambos os países disputando alguns dos mesmos clientes desde 2019, quando um consórcio liderado pela americana Exxon bombeou o primeiro petróleo da Guiana.
A maior parte do petróleo da Guiana é leve e com baixo teor de enxofre. O país não refina e acaba vendendo o produto aos mercados asiáticos.
A Petrobras também ganhou participação de mercado da Ásia com petróleo e óleo combustível com baixo teor de enxofre.
A carga de 1 milhão de barris de petróleo do projeto Liza partiu no início de janeiro da Liza Destiny, uma plataforma do tipo FPSO na costa da Guiana, para os portos de Aratu e Madre de Deus, na Bahia, segundo os dados de rastreamento do navio da Refinitiv.