Alexandre Saraiva é delegado federal e foi superintendente da PF em Roraima. Foto: divulgação.

O delegado federal Alexandre Saraiva, ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas (PF), fez uma postagem nas redes sociais, onde criticou o anúncio de uma eventual candidatura do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, ao Senado, pelo Estado de Rondônia, e os senadores Telmario Mota (Pros-RR), Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Zequinha Marinho (PL-PA), Jorginho de Mello (PL-SC). A informação da candidatura foi divulgada na quarta-feira, 19, pelo empresário e pecuarista, Bruno Scheid (PL), pré-candidato a deputado federal pelo mesmo Estado.

Na postagem, Saraiva diz: “eu avisei que 2022 não ia ser um ano fácil para Amazônia”. E continua o texto afirmando que “como se não bastassem os senadores Telmario Mota (RR), Mecias de Jesus (RR), Zequinha Marinho (PA), Jorginho de Mello (SC), etc, agora a bancada de satanás pode ganhar um importante reforço”, finaliza a postagem.

O delegado federal Alexandre Saraiva disse que os senadores fazem parte da bancada dos ‘defensores da destruição da Amazônia’ e se Ricardo Salles chegar também ao Senado ele terá a mesma visão.

“São todos defensores da destruição da Amazônia, defensores claros, todo mundo sabe. Eles não escondem de ninguém. Agora, chegando o Ricardo Salles, que também tem essa visão desenvolvimentista da Amazônia, é mais aí; o povo brasileiro mantendo uma bancada dessa fazendo o trabalho do diabo”, afirmou o delegado.

Contesta liminar
Esta semana, Saraiva contestou a liminar concedida pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) Ney Bello que liberou parte de madeira apreendida no Pará, no final do ano de 2020. O delegado coordenou a operação ‘Handroanthus GLO’, da PF, que resultou na maior apreensão de madeira de origem ilegal do Brasil.

Para Alexandre, a situação ocorrida é um “atentado” contra o Estado do Pará. O ex-superintendente questiona se o desembargador Ney Bello, de fato, não se atentou em saber para a grilagem de terra feita na região e as ilegalidades que envolvem o assunto. Para Saraiva, não é um crime somente contra a natureza, mas contra o patrimônio público.

“Eu creio que o direito não tem palavras e nem termos técnicos para definir o tamanho da desfaçatez do crime naquela região. É um atentado contra o povo do Pará, até porque os beneficiários desta terra não são pessoas de lá, não. São gente lá do Sul do País que nunca pisaram no Estado do Pará e não sabem nem o que é a Amazônia, a única coisa que eles recebem da Amazônia é dinheiro ilícito da madeira”, destaca Saraiva.

Operação ‘Handroanthus GLO’
A Operação ‘Handroanthus’ foi realizada em dezembro de 2020 pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal, na divisa dos Estados do Pará e do Amazonas. Vale ressaltar que mais de 200 mil metros cúbicos, no valor de R$ 130 milhões, de madeira foram apreendidos durante a operação.

Na ocasião, Alexandre Saraiva apontou o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de interferir no caso e obstruir a investigação. Saraiva apresentou uma queixa-crime contra Salles e o senador Telmário Mota (Pros-RR), no dia 14 de abril, ao Supremo Tribunal Federal (STF), um dia depois do ministro se reunir com madeireiros do Pará em prol da liberação das madeiras apreendidas.

Seis dias após a apresentação da queixa contra Salles, o governo federal trocou a Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, na ocasião, o delegado Leandro Almada da Costa substituiu Saraiva. Enquanto o ex-ministro pediu a exoneração do cargo, em junho de 2021, após rumores de que seria preso em Brasília.

 

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