O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nessa terça-feira (11) que as medidas de isolamento social adotadas em 2021 por causa da pandemia da Covid-19 foram as responsáveis para que a inflação fechasse o ano passado em 10,06%, o maior índice desde 2015.
“Você lembra do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’? Estamos vendo a economia [agora]. O cara ficou em casa, apoiou [o isolamento] e agora quer me culpar da inflação”, reclamou o presidente, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
De acordo com Bolsonaro, a inflação alta não é um problema exclusivo do Brasil. “Agora, temos problemas. Inflação: está o mundo todo com esse problema”, alegou. Para o presidente, no entanto, o país está suportando bem os impactos econômicos causados pela crise sanitária.
“O país é um dos países que menos estão sofrendo na economia. Apesar de ser duro para o povo, sei disso, perdendo poder aquisitivo”, disse o presidente.
Resultado acima do esperado
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nessa terça, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do ano passado ficou em 10,06%, superando a meta de inflação, que era de 3,75%, e o teto de tolerância, de 5,25%.
O resultado obrigou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a divulgar uma carta em que explica os motivos da inflação acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta em 2021.
No documento, ele declara que os principais fatores que levaram à disparada da inflação foram os preços das commodities (itens de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo), a crise hídrica, a falta de insumos e os gargalos da produção.
Segundo o texto, “as pressões sobre os preços de commodities e nas cadeias produtivas globais refletem as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, com parcela proporcionalmente maior da demanda direcionada para bens e impulsionada por políticas expansionistas”.
O presidente do BC justifica ainda que esses desenvolvimentos, que ocorreram em nível global, “geraram excesso de demanda em relação à oferta de curto prazo de diversos bens, causando um desequilíbrio que, em diversos países e setores, foi exacerbado por falta de mão de obra, problemas logísticos e gargalos de produção”.
Ainda segundo Campos Neto, a aceleração significativa da inflação em 2021 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes.
O presidente do BC disse ainda que, para reverter esse quadro, o Banco Central tem tomado providências para que a inflação atinja as metas estabelecidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,50% para 2022, 3,25% para 2023 e 3,00% para 2024. Dessa forma, de acordo com Campos Neto, a política monetária prevê novos ajustes na taxa básica de juros, a Selic, para assegurar a convergência da inflação para suas metas.