O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou, ontem, que “a principal fragilidade” do Brasil, em relação à pauta ambiental, é o desmatamento, além dos crimes ambientais na Amazônia”. Segundo o ministro, o governo será mais “contundente” em suas medidas para melhorar o cenário ecológico atual.
“Diante dos números inaceitáveis do desmatamento anunciados na semana passada, vamos atuar de forma contundente. Vamos ter mais recursos e mais homens. Com certeza seremos muito mais contundentes para eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia”, assegurou.
Ao lado do chanceler Carlos França e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro fez um balanço da participação do Brasil na COP26 — a Conferêcia do Clima da ONU, que ocorreu há poucos dias em Glasgow, Escócia — e deu detalhes da operação “Guardiões do Bioma”, com medidas de combate ao desmatamento que serão implementadas na Amazônia.
“Ibama, ICMBio, Força Nacional e Polícia Federal irão atuar de forma contundente para eliminar os crimes ambientais, especialmente na Amazônia. O Brasil fará o seu papel”, assegurou.
O desmatamento na Amazônia Legal em outubro foi o maior para o mês em cinco anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O sistema Deter, que alerta para as evidências de alteração da cobertura florestal feito pelo Inpe, registrou que 877 km² de mata tombada, representando um aumento de 5% em relação a outubro de 2020.
Surpresa
Segundo Leite, a notícia de aumento no desmatamento foi “surpreendente”. Já a estimativa da taxa oficial de desmatamento na Amazônia Legal, divulgada ontem por meio do Programa Prodes, aponta que 13.235 km² foram devastados entre agosto de 2020 e julho de 2021. No período em que a taxa foi medida, 32% dos alertas de desmatamento se concentraram nas Florestas Públicas Não Destinadas, alvo frequente de grilagem de terras.
Os ministros também repercutiram a proposta da União Europeia de proibir importações de commodities provenientes de terras desmatadas. Para Leite, é algo “inadmissível a imposição de regras de um país ou um bloco sobre outros países quando o assunto for clima. Tudo precisar ser pactuado seria prejudical”. Tereza Cristina afirmou que a sugestão seria um “protecionismo climático”.
Leite criticou, ainda, os países desenvolvidos por não darem à questão do financiamento o mesmo peso remetido às metas climáticas durante a COP26. “Houve gigantesca frustração global em relação a financiamento climático”, avaliou. Mas, segundo ele, “o momento é de comemorar mercado global de carbono.”